A Intel registra alta na Nasdaq com investimento de US$ 2 bilhões do Softbank e especulações sobre possível participação de 10% do governo dos EUA
A Intel recupera força com o investimento da SoftBank e a viabilidade do governo deter parte da empresa.
Diante de solicitações de demissão do seu diretor executivo provenientes da Casa Branca e de significativas quedas no mercado de ações, a Intel se apresenta nesta terça-feira (19) como um dos principais destaques da Nasdaq.
As ações da desenvolvedora de chips sobem 8,71% no pregão de hoje em Nova York, impulsionadas pelo anúncio de que o SoftBank fará um investimento de US$ 2 bilhões na companhia e pela notícia de que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está considerando a aquisição de uma participação de 10% na Intel.
Desde 7 de agosto, com a pressão de Trump pela renúncia de Lip-Bu Tan, CEO da empresa, as ações da Intel já acumulam alta de mais de 25%.
A Intel, em parceria com o SoftBank, conglomerado japonês de telecomunicações, internet, finanças e tecnologia, anunciou os novos investimentos na segunda-feira (18).
O investimento, que corresponde a aproximadamente 2% da Intel, posiciona o SoftBank como o quinto maior acionista da empresa, segundo dados da FactSet.
É considerado um voto de confiança em uma empresa que não soube aproveitar o “boom” da inteligência artificial nos semicondutores avançados e que tem investido significativamente para manter uma unidade de fabricação sem um cliente importante.
As informações divulgadas pela Casa Branca foram apresentadas pela agência de notícias Bloomberg. De acordo com a reportagem, ainda não ficou definido se as discussões se concretizarão ou qual parte do valor necessário para financiar a participação de 10% seria proveniente de novos investimentos.
O governo dos Estados Unidos avalia transformar, total ou parcialmente, os recursos destinados à Intel, conforme a Lei de Chips e Ciência de 2022, em participação acionária na empresa, segundo uma fonte da Casa Branca e outras pessoas conhecedoras das conversas.
A movimentação constante na Casa Branca.
Considerando o valor de mercado atual da empresa de semicondutores, que enfrenta desafios, uma participação de 10% representaria cerca de US$ 10 bilhões.
As notícias chegam após semanas de apreensão dos investidores e quedas na bolsa, decorrentes de tensões com a Casa Branca.
Trump solicitou publicamente a renúncia do CEO da Intel, Lip-Bu Tan, alegando que ele “encontra-se em grande conflito e deve renunciar imediatamente” e que “não existe outra solução para este problema”.
O ataque se verificou após o senador Tom Cotton, republicano do Arkansas, expor os laços de Tan com empresas chinesas. O executivo teve contato direto com Trump em meio à ofensiva do republicano nas redes sociais.
Após a reunião, o presidente norte-americano alterou o tom em relação ao chefe da Intel e afirmou que ele possuía “uma história incrível”. Não ficou claro se, naquele momento, já havia sido considerada a possibilidade do governo adquirir participação na empresa.
US$ 2 bilhões na conta.
A SoftBank recentemente investiu aproximadamente US$ 2 bilhões na Intel, o que concede ao grupo japonês uma participação próxima de 2% e o posiciona como o quinto maior acionista, conforme dados da FactSet.
A contribuição vai além de números, representando um sinal de confiança em uma empresa que almeja retomar sua posição de destaque no campo da inteligência artificial.
O CEO da empresa, Lip-Bu Tan, afirmou: “Masa [Masayoshi Son, presidente e CEO do SoftBank] e eu trabalhamos juntos há décadas e aprecio a confiança que ele depositou na Intel com este investimento”.
O ambiente de mercado, contudo, tem se mostrado desafiador. Em 2024, as ações da Intel caíram 60%, representando o pior desempenho da empresa em mais de meio século de negociação pública.
Diante desta nova fase, encontra-se Tan, que assumiu a liderança da Intel em março de 2025, logo após a saída de Pat Gelsinger, em dezembro.
A Lei de Chips e a Intel no tabuleiro dos EUA
A reportagem da Bloomberg sobre o envolvimento do governo na empresa apontou que ainda não ficou evidente se a proposta obteve respaldo dentro da administração ou se as autoridades conversaram com as empresas impactadas.
O texto indicou que a magnitude precisa dessa participação permanece incerta e não há garantia de que a Casa Branca efetivamente implementará o plano.
A empresa se tornou a maior beneficiária da Lei de Chips de 2022, aprovada com apoio de ambos os partidos políticos durante o governo de Joe Biden, em um esforço de Washington para restabelecer a liderança dos Estados Unidos na fabricação de semicondutores.
O governo aplicou subsídios no valor de US$ 39 bilhões em projetos relacionados a semicondutores, com verbas direcionadas a fabricantes internacionais como TSMC e Samsung, além de empresas americanas como Nvidia, Micron e GlobalFoundries.
“Nós deveríamos receber uma participação acionária pelo nosso dinheiro”, declarou o Secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, em entrevista nesta terça-feira. “Assim, entregaremos o dinheiro, que já foi comprometido durante o governo Biden. Receberemos capital em troca disso.”
Foi enfatizado que tal acordo não conferiria ao governo poderes de voto ou de governança na Intel.
“Não se trata de governança, estamos apenas convertendo o que era uma doação sob Biden em capital para o governo Trump, para o povo americano”, disse Lutnick. “Sem direito a voto.”
O governo também propôs que Trump pudesse negociar acordos análogos com outros receptores da Lei de Chips.
Com informações da CNBC
Fonte por: Seu Dinheiro