A MRV&Co (MRVE3) registrou um aumento significativo das ações na bolsa de valores após anunciar uma perda de R$ 838 milhões, e o Banco Santander acredita que essa tendência de alta está apenas no início

A MRV interrompeu um procedimento de sangria e vendeu diversos ativos, apesar de ter identificado uma perda de 144 milhões de dólares.

13/08/2025 15:13

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Manter o que não funcionou, apenas pelo tempo ou pelos custos já incorridos no ativo, não é adequado — e quem afirma isso não é o Seu Dinheiro, mas sim a falácia dos custos irrecuperáveis. É melhor se livrar do problema rapidamente, antes de perceber que o abismo se aprofunda.

A MRV&Co (MRVE3) está enfrentando essa situação diretamente. Apesar de apresentar prejuízo no segundo trimestre deste ano, os resultados não preocuparam os investidores, que impulsionaram o valor das ações da construtora, tornando-a a maior valorização do Ibovespa no momento.

Paralelamente, o índice de ações da bolsa brasileira registrava mínimas, com queda de 0,60%, a 137.083 pontos.

Dessa forma, a construtora optou por interromper um prejuízo: vender uma série de ativos, apesar de admitir uma perda de US$ 144 milhões.

A MRV reconheceu a perda da capacidade de recuperação do valor da operação da Resia, seu braço norte-americano, que enfrenta o aumento das taxas de juros nos Estados Unidos, situadas entre 4,25% e 4,50%, e obteve uma perda de aproximadamente R$ 280 milhões.

Foguete não tem reação? MRV em rota de valorização.

De acordo com o Santander, o otimismo dos investidores com relação à ação MRVE3 tem base e ainda há potencial para que os papéis subam ainda mais.

Isto porque as perdas da Resia não integram toda a trajetória, e o mercado deve analisar o que realmente fundamenta a tese: a MRV.

Apesar do desempenho aquém do esperado, os analistas do banco consideram que os investidores devem priorizar a recuperação das operações no Brasil, que apresenta um ritmo acelerado. O lucro líquido das operações no Brasil alcançou R$ 75 milhões, conforme as projeções do Santander.

Adicionalmente, o principal negócio da construtora no país, a MRV Desenvolvimento, obteve uma receita líquida de R$ 2,52 bilhões, com um aumento de 15,9% em relação ao trimestre anterior. O Seu Dinheiro detalhou o balanço da empresa aqui.

A margem bruta seguiu em alta, atingindo 30,2%, um aumento de 60 pontos-base em comparação com o trimestre anterior. Receitas superiores ao esperado na MRV Desenvolvimento compensaram o desempenho aquém do esperado, segundo o Santander em relatório.

Os analistas apontam que as perdas registradas pela Resia ficaram abaixo do que o banco esperava.

O Santander manteve a sugestão de adquirir as ações da MRV, com um valor-alvo de R$ 9,50.

Os riscos estão no radar.

Apesar de identificar perspectivas promissoras, o banco reconhece que existem riscos para a proposta da construtora.

A recuperação da margem bruta e da dinâmica de geração de caixa será fundamental para que a ação continue apresentando um bom desempenho.

A alta da inflação na construção e o aumento da curva de juros de longo prazo no Brasil afetariam a acessibilidade para famílias de renda média e, consequentemente, o desempenho da empresa nos próximos trimestres.

A ameaça da ausência de financiamento para os projetos do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) também é uma preocupação e pode afetar os negócios da MRV.

A trajetória das taxas de juros de longo prazo nos Estados Unidos, que impactam a demanda e as taxas de capitalização de projetos multifamilares da Resia, também são pontos de atenção na avaliação do banco.

Fonte por: Seu Dinheiro

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