Ambipar Enfrenta Crise de Confiança e Busca por Caixa
A Ambipar (AMBP3) registrou uma nova sessão de forte queda no mercado acionário, impulsionada por um pedido de proteção contra credores que gerou uma grave crise de confiança entre os investidores. Às 14h45, o papel apresentava uma queda de 47,48%, negociado a R$ 3,75. A desvalorização se acentuou, com perdas de quase 60% acumuladas desde segunda-feira (29), marcando um retorno ao patamar de valorização do ano anterior.
Investigação Sobre o Caixa da Companhia
O foco da atenção se voltou para a situação financeira da empresa, especialmente para a localização de seu caixa. Relatos da agência Broadcast, do Estado de S. Paulo, indicam que credores da Ambipar estão investigando a movimentação de recursos. Segundo fontes, a busca se intensificou na semana passada, com indícios de que apenas US$ 80 milhões (aproximadamente R$ 400 milhões) foram localizados.
Inconsistências Reveladas por Analistas
Um analista que acompanha a companhia, preferindo o anonimato, destacou a incoerência da Ambipar ao alegar falta de recursos para cumprir compromissos financeiros, considerando que a empresa reportou uma dívida de curto prazo de R$ 616 milhões, representando apenas 5% da dívida bruta total. A situação se agrava com a existência de uma “posição de caixa considerável de R$ 4,7 bilhões” no final do segundo trimestre.
Rebaixamentos de Rating e Busca por Negociação
Além da S&P, a agência de risco Fitch também rebaixou a nota de risco da Ambipar, reduzindo o rating de ‘BB-‘ para ‘C’, um nível acima do calote. A empresa contratou a BR Partners (BRBI11) para assessorá-la na crise, conforme divulgado pelo Pipeline e confirmado pelo Money Times. A expectativa é que a empresa negocie de forma amigável com os credores, evitando a recuperação judicial.
Causas da Crise e Negociações
A crise da Ambipar se originou com a desvalorização dos bonds com vencimento em 2031, seguida pela emissão de debêntures no valor de R$ 3 bilhões. O Deutsche Bank exigiu um aditivo de US$ 35 milhões, desencadeando uma série de obrigações financeiras que poderiam chegar a R$ 10 bilhões, conforme reportado pela revista Veja. O contrato previa a cobrança do aditivo em caso de desvalorização dos bonds.