O governo federal recentemente anunciou uma nova política habitacional, buscando ampliar o acesso ao crédito imobiliário para famílias da classe média, que não se enquadram nos critérios do programa Minha Casa Minha Vida. A iniciativa visa facilitar a compra de imóveis, oferecendo condições de financiamento mais acessíveis.
O programa prevê crédito imobiliário para famílias com renda de até R$ 20 mil, com taxas de juros de até 12% ao ano e a possibilidade de financiar imóveis de até R$ 2,25 milhões. A ampliação dos recursos será feita através da redução gradual dos depósitos compulsórios no Banco Central.
A notícia foi recebida com cautela pelas construtoras voltadas para a média renda, que enfrentam desafios como a alta taxa de juros (15% ao ano) e o esgotamento dos recursos da poupança. Apesar do potencial positivo, o setor não espera uma transformação radical.
Segundo Marcelo Nantes, head de renda variável do ASA, embora a medida seja benéfica, o principal obstáculo permanece a taxa de juros elevada, que dificulta o incentivo à compra por parte dos consumidores.
Nantes argumenta que, para os bancos, emprestar dinheiro a 12% é mais atrativo do que a opção de emprestar a 15% ao governo.
Nantes destaca que a medida não é tão transformadora quanto as mudanças no Minha Casa Minha Vida, como a criação da Faixa 4, que abrange renda de até R$ 12 mil mensais.
O gestor continua focado em construtoras voltadas para a baixa renda, como a Direcional (DIRR3), e acredita que a Cyrela (CYRE3) representa uma oportunidade de investimento, devido à sua menor exposição ao segmento popular.
A Cyrela se destaca por ter acesso a crédito e por adquirir terrenos que outras empresas não conseguem desenvolver devido à falta de financiamento.
Apesar do cenário, a alta taxa de juros dificulta o acesso ao crédito para as construtoras de médio porte, que atendem à faixa de renda mais alta.
A Cyrela tem se beneficiado dessa situação, expandindo sua participação no mercado.
A nova política habitacional do governo federal pode trazer benefícios para o setor imobiliário, mas a alta taxa de juros continua sendo um fator determinante para o desempenho das construtoras, especialmente aquelas voltadas para a média renda.