Reestruturação da Azul Impacta Mercado Aéreo
As ações da Azul (AZUL54) apresentaram uma queda significativa no pregão desta sexta-feira (26), impulsionada pela complexa reestruturação que a companhia aérea enfrenta. A medida faz parte do plano de recuperação judicial da Azul nos Estados Unidos (Chapter 11), visando organizar suas dívidas e fortalecer a empresa.
O mercado acompanhou de perto a situação, com as ações recuando 23,53%, atingindo R$ 2.600,00 por ação por volta das 16h (horário de Brasília). Inicialmente, a queda chegou a ultrapassar os 40%.
Renegociação com a Embraer
Um ponto central da reestruturação é a renegociação da encomenda de aeronaves E195-E2 com a Embraer. Originalmente firmada entre 2014 e 2018, a ordem foi reduzida de 51 para 25 unidades, refletindo as necessidades de ajuste da Azul diante da crise.
A renegociação envolve a conversão de dívidas em ações, com a emissão de um volume considerável de novos papéis. Essa mudança também alterou o código de negociação, substituindo o ticker AZUL4 por AZUL54, o que impactou o valor unitário da ação, que agora se encontra na casa dos centavos.
Conversão de Dívidas e Impacto nos Acionistas
O Bradesco BBI emitiu um alerta sobre o potencial de diluição do patrimônio dos acionistas atuais devido ao preço definido para a conversão. A Azul busca simplificar sua estrutura, transformando todo o capital da companhia em ações ordinárias.
Para isso, é necessário o aval de dois grupos: os detentores de ações preferenciais e os acionistas ordinários, que se reunirão em assembleias no mesmo dia. A proporção de 75 ações ordinárias por cada ação preferencial (AZUL4) reflete a relação econômica entre os dois tipos de papéis, garantindo prioridade no recebimento de dividendos e direito a voto, respectivamente.
Efeitos da Reestruturação na Embraer
As ações da Embraer (EMBJ3) também apresentaram recuo nesta sexta-feira (26), em reação à renegociação com a Azul. Apesar do impacto, o Bradesco BBI avalia que o efeito imediato é neutro para a fabricante. Os analistas André Ferreira e Ricardo França destacam que a Embraer provavelmente já recebeu os pagamentos iniciais (PDPs) e provisionou recursos.
A redução de 26 aeronaves representa apenas 5% da carteira firme de encomendas comerciais da empresa, e o impacto no cronograma de entregas é considerado mínimo, considerando a reorganização da produção da Embraer e novos pedidos, como o da Latam Airlines.
Conclusão
A reestruturação da Azul e seus desdobramentos no mercado aéreo demonstram a complexidade das operações de companhias aéreas e a importância de estratégias de recuperação judicial. A renegociação com a Embraer, embora impacte o volume de encomendas, representa um passo importante para a Azul, buscando se adaptar às novas condições do mercado.
