Banco do Brasil (BBAS3) desaba mais de 4% e Ibovespa perde 2% em sessão de perdas amplas; dólar avança

Três ações operavam em verde no Ibovespa; o Dow Jones renova recorde intradia e Nasdaq é pressionado pelas empresas de tecnologia.

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A nova escalada da tensão entre Brasil e EUA impacta o Ibovespa, que registra queda de 2%, com fortes perdas nos grandes bancos, e o dólar sobe internamente.

Um novo capítulo político na relação entre Washington e Brasília iniciou-se na segunda-feira (18), com a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino buscando impedir as sanções impostas pelo governo norte-americano a Alexandre de Moraes, também ministro da Corte.

Existe uma questão sobre qual é o impacto disso para o Brasil. Fora do país, esse efeito é mais evidente: as restrições relacionadas aos EUA mostram até onde as instituições podem ir contra uma decisão do governo norte-americano. Aqui, a interpretação deveria ser semelhante, no entanto, acabamos de ver uma resolução do ministro Dino determinando que não se aceite interferência de um país estrangeiro nos procedimentos do Banco Central ou de instituições do sistema financeiro brasileiro”, disse Rogério Xavier, gestor da SPX, durante o Warren Day.

Por volta das 12h40, o Ibovespa apresentava queda de 2,08%, situando-se em 134.462,71 pontos. No mercado de câmbio, o dólar à vista avançava 0,89%, sendo negociado a R$ 5,4826.

Instituições financeiras são principais responsáveis por prejuízos na Bovespa.

Apesar das perdas do Ibovespa serem amplas, os bancos representam uma parcela considerável da queda da bolsa brasileira nesta sessão.

O ministro Dino estabeleceu que decisões judiciais e administrativas de outros países não possuem validade no Brasil, a menos que devidamente reconhecidas e aceitas pelo Poder Judiciário nacional, o que obriga os bancos a optar entre cumprir a determinação do ministro ou desafiar a decisão de Moraes.

Diante da pressão sobre os bancos, em decorrência da lei Magnitsky e do STF, especialistas e investidores temem que a crise se agrave, gerando impactos na economia.

Xavier declarou: “Eu não gostaria de estar sentado em um banco hoje para decidir se bloqueia ou não recursos de pessoas afetadas por essa lei. Não sei como isso vai escalar e até onde pode chegar.”

No setor financeiro, o Banco do Brasil (BBAS3) apresenta a maior desvalorização, com queda de 4,22%, seguido pelo Bradesco (BBDC4), que registra recuo de 3,91%; do Itaú (ITUB4), com variação negativa de 3,31%; e do Santander (SANB11), que cede 2,60%.

Raízen e Cosan impulsionam as perdas do Ibovespa.

Apesar do setor financeiro estar gerando preocupações na bolsa brasileira, as maiores desvalorizações do Ibovespa são impulsionadas pela Raízen (RAIZ4) e sua controladora, Cosan (CSAN3).

A ação da Raízen caiu 8,70% após registrar alta de 10,58% no dia anterior. O papel foi impulsionado ontem pela notícia de que a Petrobras (PETR4) manifestava interesse na empresa, porém a estatal negou qualquer interesse ou planos de investimento.

A controladora da Raízen também fechou em alta ontem, com variação de 5,29%, porém hoje registra a influência da negativa da Petrobras. As ações da Cosan apresentam queda de 5,72%.

A vitória de Trump na guerra comercial pode ser positiva para o Brasil.

Existem ações em alta hoje na Ibovespa?

Três ações atuam no azul no Ibovespa nesta terça-feira, sendo duas do setor frigorífico. Minerva (BEEF3) lidera os ganhos com alta de 1,95%, seguida de Marfrig (MRFG3), que avança 1,67%.

A Suzano (SUZB3) ocupa a terceira posição, com um avanço mais discreto, de 0,27%. O Citi manteve a perspectiva favorável para a empresa em razão da estabilidade dos preços da celulose na China. Ademais, a empresa, que concentra grande parte de sua receita nas exportações, se beneficia do aumento do dólar.

A Hypera (HYPE3) iniciou suas operações na cor azul, registrando um aumento de 0,09%, mas retornou ao patamar negativo por volta das 12h35.

Nova York também está caindo?

Na Wall Street, as bolsas apresentam oscilações sem direção clara, com o Dow Jones (0,01%) mantendo-se próximo da estabilidade, porém registrando novo pico impulsionado pelos ganhos expressivos da Home Depot, ao mesmo tempo em que o Nasdaq (-1,03%) registra dificuldades, com a Nvidia liderando a queda no setor de tecnologia de semicondutores.

A ação da Home Depot avança 3,7%, impulsionando o Dow, após a empresa confirmar suas previsões para o ano, apesar dos resultados do segundo trimestre terem decepcionado o mercado.

Analistas e investidores esperam pelos resultados da Lowe’s, Walmart e Target, a serem publicados nesta semana, buscando dados sobre o comportamento do consumidor nos Estados Unidos, considerando a inflação e as mudanças na política comercial americana.

Em contrapartida, as ações de diversos fabricantes de chips apresentaram recuos, pressionando o Nasdaq e o S&P 500 (-0,39%). As ações da Nvidia desceram 2%, enquanto as da Advanced Micro Devices e da Broadcom registraram quedas de 4% e 2%, respectivamente. Outras grandes empresas do setor de tecnologia, como Tesla, Meta e Netflix, também operaram sob pressão.

As negociações na terça-feira se dão após uma sessão majoritariamente calma. O S&P 500 encerrou com queda de pouco mais de um ponto na segunda-feira, estando próximo do recorde histórico atingido na semana anterior.

A expectativa atual é verificar se essa performance será sustentada com o pronunciamento de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed), agendado para o final desta semana. Autoridades de bancos centrais de todo o mundo se reunirão em Jackson Hole, Wyoming, a partir da quinta-feira para o simpósio econômico anual do Fed.

A ferramenta FedWatch do CME Group aponta uma probabilidade de 83% para um corte de juros de 0,25 ponto percentual na próxima reunião de política monetária do Fed, prevista para setembro.

Fonte por: Seu Dinheiro

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