O Banco do Brasil (BBAS3) divulgou lucro líquido de R$ 3,784 bilhões no segundo trimestre de 2025.
À primeira vista, parece um ótimo resultado. Afinal, estamos falando de um banco apresentando mais um lucro de bilhões em um período de apenas um trimestre.
Portanto, como um lucro tão alto pode ser visto como negativo por especialistas? O mercado financeiro está reclamando de excesso de ganho?
Para compreender a reação negativa dos envolvidos no mercado, é necessário observar além do principal resultado em si.
Os analistas que acompanham o Banco do Brasil já previam um lucro reduzido, porém não tão expressivamente baixo.
O mercado projetava uma receita de R$ 5,77 bilhões.
O resultado divulgado pelo Banco do Brasil ficou mais de R$ 2 bilhões inferior ao previsto.
No comparativo com o primeiro trimestre de 2025, o lucro líquido do BB apresentou uma redução de 58,7%. Em relação ao mesmo período de 2024, a diminuição foi de 60,2%.
Banco do Brasil enfrenta dificuldades financeiras devido à sua baixa rentabilidade.
Ademais da drástica redução do lucro líquido, outra grande preocupação é o chamado ROE.
A sigla em inglês se refere ao retorno sobre o patrimônio líquido, ou rentabilidade sobre o patrimônio líquido.
O indicador demonstra a capacidade do banco de produzir lucro com o capital dos acionistas.
O patamar ideal visto pelo mercado é de 15% ou mais, uma referência é a taxa básica de juros (Selic). O percentual indica o custo de capital no Brasil. Abaixo desse nível, considera-se que a instituição financeira está “destruindo valor”, ou seja, não compensa o risco do investimento.
O Retorno sobre o Patrimônio do Banco do Brasil sofreu uma queda acentuada no segundo trimestre de 2025.
O índice encerrou o período com 8,4% de variação, 8,23 pontos percentuais inferior aos três meses anteriores e 13 pontos percentuais abaixo do segundo trimestre de 2024.
Agronegócio e inadimplência pesam.
A maior parte das dificuldades do Banco do Brasil decorre da carteira de crédito voltada para o agronegócio.
A situação apresentou elevado índice de inadimplência e inúmeros empréstimos renegociados.
Para se proteger, o banco necessitou elevar as provisões (uma espécie de “colchão” para cobrir eventuais créditos malsucedidos) em 50,6% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Ações da Banco do Brasil (BBAS3) distribuirão menos dividendos.
Adicionalmente, o Banco do Brasil também comunicou a diminuição da distribuição de dividendos.
A parcela do lucro distribuída aos acionistas diminuiu de 40 a 45% para 30%.
E se a situação permanecer igual para o Banco do Brasil?
Uma instituição financeira listada em bolsa deve, além de obter lucro, assegurar o retorno sobre o investimento dos seus acionistas.
Quando uma instituição financeira registra lucros e um ROE baixo por um longo período, ela entra em um ciclo arriscado:
Bancos com baixo desempenho contínuo podem enfrentar pressão de acionistas ou do governo (como ocorre no Banco do Brasil) para alterar a gestão ou a estratégia.
A situação exige que o Banco do Brasil reverta o cenário, evitando que ele se descontrole. A própria CEO do BB, Tarciana Medeiros, admite que o ano de 2025 será de “ajuste para aceleração do crescimento”.
Fonte por: Seu Dinheiro