Banco do Brasil (BBAS3) novamente desaponta: o que o mercado comenta após a queda no segundo trimestre de 2025 e o ajuste nos dividendos
O setor agrícola e o problema da inadimplência impactaram os resultados do Banco do Brasil, e o mercado deverá demonstrar cautela.
O Banco do Brasil (BBAS3) apresenta dificuldades e os acionistas devem arcar com as consequências. O balanço do banco, fraco e inferior às previsões do mercado, decepciona novamente.
Apesar da queda no lucro e da baixa rentabilidade (ROE) nas últimas décadas, o BB comunicou que os dividendos distribuídos aos investidores em 2025 serão menores, um sinal negativo para aqueles que esperavam um retorno atrativo por meio de proventos.
Não se espera, contudo, que os analistas prevejam um cenário instável para as ações BBAS3 na bolsa brasileira.
Os papéis já sofrem desvalorização que ultrapassa os 17% neste ano, atingindo quase 30% nos últimos 12 meses.
Analise os principais resultados do balanço do Banco do Brasil no segundo semestre de 2025.
Banco do Brasil (BBAS3) enfrenta dificuldades devido à inadimplência, ao aumento das provisões e à deterioração no setor agrícola.
A leitura da XP Investimentos aponta que o desempenho fraco do Banco Brasil no segundo semestre de 2025 reflete uma forte pressão na carteira de agribusiness, decorrente de atrasos amplamente difundidos nos pagamentos, elevação nos empréstimos reestruturados e consequências da resolução 4.966 relacionada a exposições vencidas de curto prazo.
A decisão do Banco Central já gerou um impacto de quase R$ 1 bilhão no resultado do 1T25 do Banco do Brasil.
Ademais, o não pagamento das dívidas persistiu, e a XP aponta que julho trouxe novas pressões, elevando a incerteza sobre quando a recuperação do BB realmente iniciará.
A deterioração da qualidade do crédito era prevista, porém os desafios contínuos no setor agrícola e em outros segmentos suscitam preocupações em relação ao ritmo de recuperação nos próximos trimestres.
Para o BTG Pactual, outro ponto de atenção é a classificação como “não recorrente” de cerca de R$ 750 milhões em despesas relacionadas a planos econômicos – uma prática do banco desde 2014. Com o lucro em declínio, esse valor corresponde atualmente a aproximadamente 20% do lucro ajustado.
De acordo com o BTG, o impacto mais significativo nos resultados foi causado pelas provisões, impulsionado pelo segmento de empresas, seguido pelo agronegócio e pela carteira de pessoa física.
Após a reação, a administração do Banco do Brasil sinalizou que será mais conservadora nas concessões ao agronegócio daqui para frente.
Contudo, existe uma notícia positiva nesse contexto, conforme apontado pelo BTG, que se refere à performance da linha de receita, que excedeu as projeções no segundo trimestre, atingindo R$ 8,8 bilhões até o final de junho.
A deterioração avança por elevador, porém a recuperação não acompanhará o mesmo ritmo, prevêem analistas.
Ontem, o Banco do Brasil também atualizou suas projeções para 2025. Paralelamente, o banco estabeleceu a expectativa revisada de lucro líquido ajustado para o ano e diminuiu o pagamento de dividendos de 40% para 30% do lucro.
Apesar do cenário apontar para uma evolução positiva no segundo semestre, a percepção ainda é limitada. O início do resultado no terceiro trimestre de 2025 demonstra uma situação ainda mais delicada que a do segundo trimestre de 2025. A inadimplência persiste em setores como o agro e o empresarial, e o acúmulo de ativos não está acompanhando o crescimento.
Se o banco concluir o ano com o piso do guidance, apresentando lucro de R$ 21 bilhões, o múltiplo preço/lucro (P/L) projetado seria de 5,4 vezes, com um rendimento de dividendos (dividend yield) de 5,5%, segundo as análises.
Com o BB sendo negociado a 0,63 vezes o valor patrimonial, os analistas não identificam motivos para otimismo. Pelo menos por enquanto, a recomendação do BTG permanece neutra/cautelosa para as ações BBAS3.
Para os analistas, a recuperação do Banco do Brasil será gradual, “subindo de escada”, após a deterioração. Diante da valorização de 7% nas ações nos últimos 10 dias, espera-se que a cotação de sexta-feira (15) inicie com reação negativa, conforme o BTG.
A XP aponta que, com base na média do guidance, o BB está sendo negociado em torno de 4,8 vezes o P/L, o que representa um valor superior à média histórica do banco.
Isso indica que há espaço para novas revisões à vista, segundo os analistas. Portanto, a XP mantém recomendação neutra para as ações BBAS3.
Fonte por: Seu Dinheiro