Desafios e Estratégias do Banco do Brasil em 2025
O Banco do Brasil enfrenta um cenário complexo, com o agronegócio ainda sendo o principal ponto de preocupação. Segundo o vice-presidente de gestão financeira e relações com investidores, Marco Geovanne Tobias, a pressão sobre o setor rural deve persistir, com possíveis novas provisões no quarto trimestre de 2025.
A instabilidade na carteira de crédito agrícola, marcada por um volume intenso de recuperações judiciais, muitas vezes “sem necessidade”, exige um reforço contínuo nas provisões.
Apesar de um lucro do terceiro trimestre de 2025 praticamente estável em relação ao trimestre anterior, o Banco do Brasil revisou suas projeções, antecipando a necessidade de maior cautela. A inadimplência no agronegócio já supera 5%, e o setor continua sendo o epicentro das preocupações.
O banco busca estabilizar o risco com um patamar de provisão entre R$ 15 bilhões e R$ 16 bilhões no 4T25, um valor considerado inevitável.
Aceleração das Renegociações e Novas Medidas
Para mitigar os riscos, o banco implementa o pacote de socorro ao agro, por meio da Medida Provisória 1.314 e da linha de crédito BB Regulariza Agro, com prazos de renegociação de até nove anos. Até setembro, o projeto já somava R$ 11 bilhões em operações em andamento, com R$ 5,4 bilhões renegociados.
O objetivo é alcançar R$ 24 bilhões em propostas até o fim do ciclo. O executivo Gilson Bittencourt destaca que 75% dos clientes-alvo já foram contatados.
Foco em Pessoas Físicas e Novas Linhas de Crédito
Enquanto o agronegócio se estabiliza, o Banco do Brasil ajusta seu leme, priorizando a carteira rural estável e rentável, e a carteira de pessoas físicas (PF) ganha protagonismo como motor de crescimento em 2026. A meta é alcançar 20% de participação no mercado de consignado.
O banco prioriza linhas de menor risco e maior retorno, como o crédito consignado público e o Crédito Trabalhador, lançado em março e que já acumula R$ 11 bilhões em desembolsos.
Perspectivas de Rentabilidade e Dividendos
O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) encerrou o 3T25 em 8,4% — o pior nível desde 2016. No entanto, o banco acredita que a rentabilidade já se estabilizou e deve começar a melhorar, com projeção de ROE de dois dígitos baixos (“low teens”) até o fim de 2025, com lucro próximo a R$ 20 bilhões.
Em 2026, o objetivo é chegar a cerca de 15% — ainda abaixo dos “anos dourados” do banco, mas sinalizando retomada. A política de payout de 30% será mantida em 2026, e dividendos extraordinários só serão considerados ao fim do próximo ano.
Conclusão
O Banco do Brasil enfrenta um período de ajustes estratégicos, com foco na estabilização do agronegócio e no crescimento da carteira de pessoas físicas. A previsibilidade para os investidores é um ponto chave, com o banco comunicando de forma clara suas projeções de rentabilidade e a manutenção da política de payout.
A mensagem final é de que 2025 será um ano de ajuste, e 2026, de retomada.
