As ações da Netflix (NFLX34) sofreram uma queda significativa na Nasdaq nesta quarta-feira (22), com uma desvalorização de quase 10%. Essa queda foi atribuída aos resultados do terceiro trimestre, que não atenderam às expectativas do mercado, em grande parte devido aos encargos fiscais brasileiros.
O Problema com o Lucro por Ação
O ponto de preocupação no balanço da empresa foi o lucro por ação (LPA), que apresentou uma queda de 15,9% em relação às previsões. O lucro líquido, que cresceu 8,7% em comparação com o mesmo período de 2024, ficou abaixo do esperado em US$ 3 bilhões.
A Cide e o Impacto no Brasil
A principal razão para a margem menor do LPA foi o impacto das despesas relacionadas à disputa tributária no Brasil. A empresa informou que um encargo fiscal não recorrente de US$ 1,09 por ação contribuiu para essa diferença.
Interpretação do STF e a Cide
Enzo Pacheco, analista da Empiricus Research, explica que o principal responsável pela piora dos resultados foi o aumento da Cide, um tributo que o Supremo Tribunal Federal (STF) reinterpretou em agosto deste ano. A Corte decidiu que a Cide se aplica a pagamentos de serviços ao exterior, mesmo sem transferência de tecnologia.
Netflix e a Mudança no Cenário
A mudança no entendimento do STF reverteu uma decisão judicial de 2022 que isentava a Netflix dessa cobrança. A companhia foi obrigada a reconhecer retroativamente um passivo referente a 2022 a 2025, o que afetou o lucro por ação.
Análise do Mercado
Apesar da queda nas ações, o analista Pacheco destaca que, excluindo o impacto fiscal, a tese de investimento da Netflix permanece sólida, impulsionada por estratégias de monetização e ajustes de preço. No entanto, ele aponta que o valuation atual (quase 40 vezes seus lucros projetados para 2026) pode tornar o papel caro.