O Brasil está prestes a entrar no mercado global de lançamentos espaciais. Como frequentemente acontece em projetos dessa magnitude, o lançamento vem acompanhado de expectativa e adiamentos. A Força Aérea Brasileira (FAB) e a sul-coreana Innospace reprogramaram a nova tentativa de lançamento do HANBIT-Nano, um foguete que marcará a história como o primeiro veículo espacial comercial lançado a partir do solo brasileiro.
A Operação Spaceward, agora com data prevista para 22 de dezembro, representa um marco para o Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão, e, segundo informações, um passo decisivo para transformar a base em um espaçoporto competitivo no cenário internacional.
O Que é o HANBIT-Nano?
O HANBIT-Nano é um foguete de dois estágios projetado para lançar nanossatélites em órbitas baixas. Apesar de seu tamanho compacto, o veículo representa uma classe de lançadores em rápido crescimento: foguetes menores, mais baratos e voltados ao mercado de satélites de baixa massa, um dos segmentos que mais avança no setor espacial.
Carga Útil: Ciência Brasileira e Parceria Internacional
O lançamento transportará cinco satélites e três experimentos tecnológicos, produzidos por instituições e empresas do Brasil e da Índia. Entre os destaques estão o Jussara-K, desenvolvido pela UFMA com startups e instituições locais, que homenageia o fruto juçara, típico do Maranhão, e os satélites FloripaSat-2A e FloripaSat-2B, criados pelo SpaceLab da UFSC, que validarão a primeira plataforma brasileira completa, integrada do início ao fim, testada em voo.
O Sistema Nacional de Navegação Inercial (SNI)
Um dos equipamentos mais importantes desta missão é o Sistema Nacional de Navegação Inercial (SNI), desenvolvido por empresas brasileiras (Concert Space, Cron e HORUSEYE Tech) em parceria com a Agência Espacial Brasileira (AEB). Essa qualificação abre portas para o Brasil atuar com mais autonomia no setor.
Importância de Alcântara
O Centro de Lançamento de Alcântara é considerado um dos melhores pontos do planeta para lançar foguetes, devido à sua proximidade à linha do Equador, o que reduz custos de combustível e aumenta a eficiência orbital. Anteriormente, o Brasil não tinha permissão para operar lançamentos comerciais com tecnologia estrangeira, mas isso mudou com o Acordo de Salvaguardas Tecnológicas (AST), assinado em 2019 com os Estados Unidos.
Com o acordo, a AEB lançou um edital em 2020 para atrair operadores comerciais, e a Innospace foi uma das quatro selecionadas.