BRB (BSLI4): Moody’s retira alerta após compra controversa do Master

O Banco de Brasília (BRB; BSLI4) recebeu um alívio significativo com a decisão da agência de classificação de risco Moody’s de retirar o alerta de revisão negativa. A agência confirmou os ratings e avaliações de longo prazo do banco, ao mesmo tempo em que atribuiu uma perspectiva estável aos ratings de depósitos de longo prazo, que haviam sido colocados em revisão desde abril, quando o BRB anunciou a intenção de adquirir o Banco Master.

Apesar do alívio, a Moody’s mantém a atenção sobre a estratégia de crescimento agressiva adotada pelo BRB desde 2019. O balanço do banco apresentou um crescimento anual robusto de 35,7%, o que gerou um “consumo acelerado de capital” e reduziu a capacidade do banco de absorver riscos, especialmente em um cenário econômico mais desafiador. A capitalização do BRB, mesmo após injeções de capital em 2024, permanece apertada, com um índice de capital principal (CET1) em 8,1%.

As finanças do BRB apresentam um cenário misto. A qualidade do crédito tem melhorado, com a relação entre empréstimos de estágio 3 e o total de empréstimos caindo para 2,2% em março de 2024, em comparação com 3,3% no mesmo período do ano anterior. No entanto, essa melhora também é influenciada pelo crescimento da carteira total de crédito (55,2%) e pela venda de empréstimos problemáticos.

A concentração em créditos de menor risco, como os consignados (52,5%) e imobiliários (cerca de 18%), ajuda a mitigar os riscos associados ao crescimento acelerado. Contudo, a lucratividade continua sendo um ponto de atenção, com um lucro líquido sobre ativos tangíveis de apenas 0,5% em 2024, muito abaixo da média de 2% entre 2018 e 2021.

A Moody’s espera que a lucratividade permaneça abaixo dos níveis históricos, mesmo com o potencial de expansão da base de clientes do BRB. A agência não prevê uma melhora significativa nos próximos 12 a 18 meses, devido aos altos custos de captação e à forte concorrência.

A perspectiva estável para o Banco de Brasília se sustenta na sua consolidação no Distrito Federal, impulsionada pelo acesso a depósitos estáveis e de baixo custo provenientes de servidores públicos e entidades governamentais. Essa forte franquia regional é um fator positivo para o perfil financeiro do banco.

Para que o BRB melhore sua classificação, será necessário demonstrar que o crescimento pode gerar lucros sustentáveis e fortalecer seu capital. Caso contrário, um novo rebaixamento é possível, dependendo da continuidade do crescimento e da deterioração da lucratividade e do capital.