Copasa: Estratégia de Virada e Perspectivas de Valorização
A Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) está passando por um momento estratégico significativo, capturando a atenção do mercado financeiro. A semana foi marcada por anúncios cruciais que redefiniram as perspectivas da empresa. Inicialmente, a confirmação de uma revisão tarifária positiva pela Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e de Esgotamento Sanitário de Minas Gerais (ARSAE-MG) estabeleceu as bases para uma nova dinâmica.
Em seguida, a sanção da lei estadual que autoriza a privatização da companhia e a divulgação de um plano de investimentos de R$ 21 bilhões consolidaram o cenário positivo.
Privatização e Modelo Corporativo
A principal notícia foi a assinatura, pelo governador Romeu Zema (Novo), da transformação da Copasa em uma corporation. Este modelo de desestatização visa pulverizar o controle da companhia, eliminando a figura de um único “dono”. Atualmente, o Estado de Minas Gerais detém 50,03% das ações, e cerca de 45% dessa participação serão negociados em uma oferta de ações em bolsa.
O Estado manterá apenas 5% da participação e uma golden share, uma ação de classe especial com direito a veto em decisões estratégicas.
Novas Lideranças e Cronograma
Para liderar essa transição, foi nomeada Marília Melo como nova presidente da Copasa. Melo, servidora de carreira e ex-secretária de Meio Ambiente, é reconhecida por sua expertise em recursos hídricos de Minas Gerais, o que contribui para a credibilidade do processo de privatização.
A expectativa é que o leilão da estatal ocorra por volta de abril de 2026.
Revisão Tarifária e Investimentos
A revisão tarifária, publicada pela ARSAE-MG, estabeleceu um aumento médio de 6,56% nas tarifas e confirmou receitas regulatórias de aproximadamente R$ 8,1 bilhões. O que mais agradou aos analistas foi a mudança na metodologia do cálculo do custo médio ponderado de capital (WACC), que passou a ser definido com base nos valores brutos (antes de impostos), em 13,7%.
Essa alteração estrutural permite que a Copasa capture benefícios fiscais significativos por meio do pagamento de Juros sobre o Capital Próprio (JCP), aumentando a eficiência da remuneração aos acionistas. A revisão entrará em vigor em 22 de janeiro de 2026.
Plano de Investimentos Bilionário
A Copasa também anunciou um robusto plano plurianual de investimentos (Capex), totalizando R$ 21 bilhões para o período entre 2026 e 2030. O cronograma prevê um aporte inicial de R$ 3,1 bilhões em 2026, com os valores subindo gradualmente até atingirem o pico de R$ 4,8 bilhões em 2028.
Esses recursos serão destinados à universalização dos serviços de água e esgoto em toda a área de concessão, além da melhoria da base de ativos e redução de perdas.
Recomendações e Preços-Alvo
As visões dos bancos são predominantemente positivas para as ações da Copasa. O Bradesco BBI vê a revisão tarifária como um marco crítico para maximizar o valor da empresa antes do leilão de privatização em 2026. O Citi aponta que, com a incorporação total dos novos dados tarifários e de investimento, o preço-alvo da ação poderia saltar dos atuais R$ 45 para R$ 60.
No cenário mais otimista, o Safra vê as ações chegando a R$ 65.
Conclusão
A combinação de uma revisão tarifária favorável, um plano de investimentos ambicioso e o processo de privatização da Copasa estão criando um cenário de valorização para as ações da empresa. As recomendações dos principais bancos indicam um potencial de crescimento significativo, impulsionado pela nova dinâmica do mercado e pelas perspectivas de longo prazo da companhia.
