Queda de Ações na Bolsa: Cosan, Raízen e a Raízen
Após a divulgação de seus balanços na última sexta-feira (14), as ações da Cosan (CSAN3), Raízen (RAIZ4) e a Raízen (RAIZ4) sofreram fortes quedas no Ibovespa, refletindo as preocupações do mercado com os resultados e a estrutura de capital das empresas.
Investidores analisaram os números apresentados, buscando entender os desafios e perspectivas das empresas.
Problemas no Balanço da Rumo (RAIL3)
Segundo analistas do Safra, o resultado trimestral da transportadora ferroviária da Cosan apresentou fragilidades. O resultado operacional fraco foi agravado por um aumento de 45,5% nas despesas financeiras líquidas, impulsionadas por taxas de juros mais altas e um aumento de 46,5% na dívida líquida.
A queda de 6,3% na tarifa consolidada, ficando 3,2% abaixo da estimativa do banco, também impactou negativamente o desempenho. Apesar de um aumento de 6,3% no lucro líquido, em relação à projeção, o resultado foi influenciado por uma indenização de R$ 55 milhões reconhecida pela Rumo Malha Sul, ligada a eventos climáticos no Rio Grande do Sul.
Excluindo esse item não recorrente, o lucro líquido ajustado cairia 12,2% ano a ano, para R$ 697 milhões, ficando em linha com a estimativa e o consenso.
Preocupações com o Balanço da Raízen (RAIZ4)
Na última sexta-feira (14), a Raízen divulgou um prejuízo de R$ 2,3 bilhões no segundo trimestre da safra 2025/2026 (2T26). Para a XP Investimentos, os resultados foram adequados em lucro e fluxo de caixa livre (FCF), mas as preocupações sobre a estrutura de capital da companhia persistiram.
O resultado veio em meio a pressões sobre a Raízen, que apresentava resultados fracos e alto endividamento. Os negócios de açúcar, etanol e combustíveis não estavam indo bem, e o cenário de commodities e clima não ajudava. O mercado duvidou da capacidade da empresa de entregar crescimento e reduzir a dívida no ritmo necessário.
O Ebitda ajustado foi fraco, refletindo dificuldades nos segmentos S&E (açúcar e etanol) e Mobilidade Argentina, que ofuscaram o desempenho robusto de Mobilidade Brasil. Apesar de estar em linha com as estimativas, o fluxo de caixa livre (FCF) surpreendeu positivamente.
A dívida líquida caiu R$ 745 milhões frente à expectativa de consumo de caixa, refletindo, em parte, a queda da dívida líquida. No entanto, o indicador dívida líquida sobre Ebitda subiu para 4,5 vezes, pressionado pela redução dos lucros.
Problemas da Cosan
A Cosan registrou um prejuízo líquido de R$ 1,1 bilhão no terceiro trimestre de 2025, revertendo o número positivo de R$ 293 milhões do mesmo período do ano passado. A companhia atribuiu a queda do seu resultado principalmente à menor contribuição da equivalência patrimonial, linha do balanço que registra o desempenho das empresas nas quais a holding tem participação.
A redução dos volumes vendidos afetou o resultado operacional e, consequentemente, o montante que a Cosan reconhece por meio da equivalência patrimonial. A holding também destacou o impacto do impairment de ativos que a Raízen decidiu reclassificar para “disponíveis para venda”.
Esses dois fatores combinados explicaram o recuo expressivo no balanço do período. A sucroalcooleira vem, sequencialmente, impactando os resultados da holding, e os executivos da controladora prometem se dedicar a resolver a situação.
Soluções em Andamento
O CEO da Cosan, Marcelo Martins, afirmou que as conversas com a Shell estão evoluindo. Houve um direcionamento mais claro do que havia semanas atrás. No entanto, não há um acordo final divulgado ao mercado. A Cosan já realizou duas ofertas públicas de ações, com sinalizações de que parte do capital da última seria destinada a Raízen. É necessário chegar a um acordo com a Shell, que controla a sucroalcooleira junto com a holding brasileira.
