Credores da Ambipar (AMBP3) criticam pedido de RJ na recuperação judicial
Controlador questiona recuperação judicial da Ambipar (AMBP3); disputa ocorre no Rio de Janeiro e ajuste na participação acionária.

A Ambipar (AMBP3) está enfrentando um novo período de desafios, após protocolar o pedido de recuperação judicial, um cenário já previsto pelo mercado. A empresa está sendo questionada por seus credores sobre o processo.
A Ambipar entrou com pedido de recuperação judicial na 3ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, apresentando um passivo consolidado de aproximadamente R$ 10,5 bilhões. Esse processo também envolve a subsidiária Ambipar Emergency Response, que também solicitou um pedido equivalente ao Chapter 11 (lei das falências) nos Estados Unidos.
A companhia justificou o pedido alegando que sofreu impactos devido a “irregularidades em operações com derivativos”, o que gerou uma forte pressão de liquidez e culminou na renúncia do então CFO.
Os credores contestam a escolha do Rio de Janeiro para o processo, argumentando que a sede operacional e o principal centro de decisões da Ambipar estão localizados em São Paulo. Eles consideram que o Rio de Janeiro poderia ser um “foro inadequado” e que o pedido pode ser anulado.
Os credores, incluindo Banco ABC Brasil, Bradesco, Banco do Brasil, Santander, Sumitomo Mitsui e Itaú Unibanco, afirmam que a Ambipar simulou ter sua principal sede no Rio de Janeiro para obter um foro mais favorável. Eles ressaltam que a Ambipar Participações e Empreendimentos S.A. sempre esteve sediada em São Paulo, onde se concentram as decisões financeiras e estratégicas do grupo.
Para conduzir a defesa, a Ambipar contratou o escritório Levy & Salomão Advogados, com o sócio Daniel Salomão, filho do ministro Luiz Felipe Salomão do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Essa escolha gerou desconforto entre alguns credores, embora o ministro não tenha relação direta com o caso.
Enquanto a disputa judicial se desenrola, o grupo controlador também enfrenta os efeitos da crise. A Ambipar anunciou que a participação de Tércio Borlenghi Junior na companhia caiu de 67,68% para 59,54%. Em carta à Ambipar, Borlenghi afirmou que a redução foi “indevida” e que Plural Investimentos e Opportunity continuam “excutindo” ações do controlador por meio do fundo Everest.
“Excutir ações” significa executar garantias, ou seja, vender ou tomar posse de ações dadas como garantia de uma dívida para recuperar valores não pagos. No caso da Ambipar, Plural Investimentos e Opportunity estão acionando as garantias pertencentes a Tércio Borlenghi Junior, por meio do fundo Everest, para reaver recursos de operações financeiras que não foram quitadas.
Borlenghi afirmou que a participação na Ambipar nos últimos dias foi reduzida em mais de 136 milhões de ações ordinárias.
Autor(a):
Redação
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