Dia Busca Soluções em Recuperação Judicial com Pagamentos Pendentes
O supermercado Dia, em processo de recuperação judicial há mais de um ano, enfrenta desafios significativos com o pagamento de dívidas. A empresa, controlada por um fundo do empresário Nelson Tanure, está em negociações complexas para quitar uma dívida total de R$ 163,3 milhões, envolvendo o banco Letsbank. A situação é marcada por pagamentos pendentes e incertezas sobre o futuro da recuperação judicial.
Pagamentos Pendentes e Incertidões
O acordo atual prevê o pagamento de R$ 20 milhões à vista em fevereiro do próximo ano, seguido por R$ 50 milhões em dez parcelas mensais de R$ 5 milhões, corrigidas pela variação do CDI. Adicionalmente, a empresa busca a cessão de um precatório do Letsbank, avaliado em R$ 116 milhões, para complementar o pagamento.
A Administração Judicial da empresa, ExpertiseMais, destaca que informações financeiras detalhadas estão protegidas por sigilo bancário, dificultando a análise da situação.
Precatórios, Avaliações e Impairment
Os precatórios, que representam dívidas reconhecidas pelo poder público, não geram liquidez imediata e dependem da disponibilidade do orçamento da União. Devido a essa incerteza, a ExpertiseMais sugere a realização de um teste de impairment, uma avaliação contábil para determinar o valor real recuperável do título, que pode ser significativamente inferior ao valor nominal. A empresa também enfrenta um cenário de receitas em alta, mas continua com um alto consumo de caixa, atingindo R$ 42 milhões em outubro.
Medidas para Controlar a Queima de Caixa e Expansão
Para mitigar os riscos de liquidez, a Dia planeja implementar um programa de redução de custos, a partir deste mês. No entanto, o presidente do Grupo Dia ressalta que não haverá cortes operacionais e que é necessário continuar investindo nas lojas para manter as vendas.
A expansão da rede é vista como a condição para alcançar o ponto de equilíbrio financeiro.
Histórico de Mudanças de Propriedade
Nos últimos anos, a rede Dia passou por diversas mudanças de controle. Em 2019, o controle da rede espanhola, incluindo a operação brasileira, foi assumido pelo fundo Letterone, do investidor russo Mijail Fridman. Em maio de 2024, a operação brasileira foi adquirida pelo fundo Lyra II, gerido pela MAM Asset Management, do Banco Master.
Posteriormente, o controle passou para o fundo Arila, do empresário Nelson Tanure.
A situação da Dia demonstra os desafios enfrentados por empresas em recuperação judicial, com complexas negociações financeiras e incertezas sobre o futuro da empresa.