Dólar abaixo de R$ 5? Como a vitória de Trump pode ser benéfica para o Brasil
Guilherme Abbud, diretor executivo e de tecnologia da Persevera Asset, comenta sobre o dólar e as razões para acreditar em perspectivas positivas para o…
O dólar permanece no foco das atenções. Na última semana, a moeda atingiu seu menor patamar em relação ao real em 14 meses, ao ser cotada a R$ 5,3870. A desvalorização no cenário internacional é apontada como a principal causa dos movimentos recentes do câmbio.
Em Touros e Ursos, do Seu Dinheiro, Guilherme Abbud, CEO e diretor de investimentos da Persevera Asset Management, analisa as políticas protecionistas de Donald Trump e suas consequências para os investimentos dos brasileiros.
Para Abbud, Donald Trump está vencendo a guerra comercial. O principal benefício de Trump estaria no fato dos Estados Unidos serem o maior consumidor do planeta. Nenhuma nação, seja a China, a Europa ou o Brasil, deseja perder os 350 milhões de consumidores ávidos norte-americanos, o que lhe confere uma vantagem crucial nas negociações.
Contudo, existe um segundo objetivo nessas medidas protecionistas que permanece em segundo plano devido à postura de Trump em relação à mídia.
Existe um objetivo muito claro do governo Trump de enfraquecer o dólar em relação a outras moedas. Ele acredita que, por ser uma moeda de reserva, o dólar tende a estar sempre sobrevalorizado. Outros países estariam se aproveitando disso com moedas subvalorizadas e em crescimento, afirma Abbud.
Isto representaria outra razão para a vitória de Trump neste período, segundo o diretor executivo da Persevera. “Ele obteve um dólar mais fraco em tempo recorde.” Consulte a análise completa aqui.
Qual é o saldo do dólar mais favorável para o Brasil?
Para o Brasil, apesar das tarifas americanas gerarem preocupação, na visão do CEO, o impacto macroeconômico é relativamente pequeno, estimado em aproximadamente 0,1% do Produto Interno Bruto.
Abbud possui uma perspectiva positiva em relação à moeda nacional.
Ele prevê que o dólar continuará fraco em nível global, considerando este objetivo principal de Trump. Assim, a relação entre o dólar e o real – que já variou de R$ 6,00 a R$ 6,30 no final do ano passado – pode atingir R$ 5,00, R$ 4,80 ou até mesmo R$ 4,50.
A longo prazo, o diretor-executivo acredita que a estabilidade do real depende mais do diferencial de inflação. Para Abbud, a inflação brasileira está baixa pelos padrões históricos do país.
O país apresenta um cenário muito favorável, com o Produto Interno Bruto crescendo em torno de 3% pelo quinto ano seguido e a inflação em declínio.
Em virtude de tudo que foi realizado até então, notadamente no governo de Michel Temer com Henrique Meirelles, houve a transformação do Brasil em um dos países mais reformistas do mundo. Houve teto de gastos, privatizações, reforma da previdência, reforma trabalhista e o Banco Central independente, afirma o CEO da Persevera.
Onde investir?
Devido a este contexto, Abbud identifica ventos favoráveis para os ativos de risco do Brasil, com uma significativa reorientação nos próximos três a quatro anos.
A bolsa está super barata, com cotações mínimas. A curva de juros mais longa, com taxas entre 14% e 13%, é totalmente surreal, representa um tremendo desconto, avalia o CEO.
Considerando essa situação, o gestor destaca duas possibilidades de ganho: uma no mercado de renda fixa e outra em ações.
A principal tese da instituição neste momento é referente a títulos prefixados de longo prazo. Abbud não acredita que a situação fiscal primária seja controlada e possui uma perspectiva pessimista para a taxa de juros no curto prazo.
Com isso, o gestor acredita que, com a queda das taxas de juros, o mercado antecipará o movimento, e o investimento estrangeiro retornará ao mercado de ações e outros ativos brasileiros, elevando o valor das ações.
Observa-se que, pela primeira vez em anos, os ativos brasileiros apresentam a característica de estarem “muito baratos” historicamente, juntamente com um movimento de alta da bolsa, o que torna o momento oportuno para investimentos. Consulte a análise completa aqui.
Touros e Ursos na Semana
Na tela que nomeia o programa, os ursos da semana apresentaram Raízen e sua dívida colossal, a política monetária “ultrapassada” do Brasil e o tradicional assunto das contas públicas.
Já houve reconhecimento para Touros, Cury (CURY3) e Nubank (ROXO34), além dos ativos brasileiros, em geral.
Acompanhe os detalhes dos Touros e Ursos e da análise de Guilherme Abbud no episódio completo.
Fonte por: Seu Dinheiro