Dólar no Dia a Dia: Estudo Revela Impacto no Consumo Brasileiro

Estudo revela que 16% a 18% do consumo brasileiro é impactado pelo dólar, influenciando desde compras até educação no exterior. O estudo aponta para o “peso do dólar” no dia a dia das famílias

31/12/2025 8:03

3 min de leitura

(Imagem de reprodução da internet).

Rotina e o Peso do Dólar

Você acorda com um e verifica mensagens no WhatsApp. Toma banho com shampoo Head & Shoulders e sabonete Dove. Vai para o trabalho em um carro da Volkswagen ou Chevrolet (nunca de Gurgel), entra no escritório, sobe no elevador da Atlas Schindler, abre seu computador Dell ou Lenovo, acessa o Windows, pesquisa no Google, almoça no McDonald’s com uma Coca-Cola e, no fim do dia, toma uma dose de Mounjaro.

Nada disso parece distante da nossa rotina. A vida moderna, com seus hábitos e marcas globais, já é, em certa medida, dolarizada.

Um Fenômeno Invisível: Dolarização do Consumo

A publicou o estudo “Impacto Cambial no Consumo dos Brasileiros e a Necessidade de Diversificação Internacional”. A pesquisa se propôs a medir algo que muitos sentem no bolso, mas poucos quantificam: o peso do dólar no dia a dia das famílias brasileiras.

O resultado ajuda a traduzir o impacto do câmbio em algo concreto. O dólar não afeta apenas viagens internacionais ou compras pontuais. Ele está presente em itens básicos, serviços e decisões cotidianas.

Viés Doméstico: Por que o Brasileiro Investe Pouco Fora do País

O estudo parte de um comportamento recorrente em diversos países, mas especialmente forte no Brasil: o viés doméstico nos investimentos. Em termos simples, trata-se da tendência de concentrar quase todo o patrimônio no próprio país. No caso brasileiro, esse número chama atenção.

Cerca de 97,5% do patrimônio das famílias permanece alocado no mercado doméstico. Isso acontece mesmo em um cenário em que a diversificação é amplamente reconhecida como uma das estratégias mais eficientes para redução de risco.

Balança Comercial e Câmbio: Exportamos Commodities, Importamos Valor

Outro ponto central do estudo está na análise da balança comercial brasileira. Historicamente, o Brasil mantém saldo positivo entre exportações e importações. Porém, a composição dessa troca revela um desequilíbrio relevante. Mais de 90% das exportações brasileiras são matérias-primas, enquanto cerca de 90% das importações são produtos de alto valor agregado, ligados à chamada indústria da transformação.

Em termos práticos, é como se o País exportasse café e importasse máquinas da Nespresso.

Inflação, Dólar e Consumo: O Impacto Real no Bolso

Para medir esse efeito, o estudo cruzou dados de inflação por faixa de renda, com base em números do Ipea, e aplicou uma metodologia conhecida como análise de estilo. O objetivo foi identificar quanto do consumo das famílias brasileiras sofre influência direta do câmbio.

A conclusão é clara: entre 16% e 18% do consumo cotidiano no Brasil é impactado pelo dólar. Esse número representa uma média. Sendo assim, famílias que viajam com mais frequência, consomem produtos importados ou têm filhos estudando no exterior tendem a sentir um impacto ainda maior.

Diversificação Internacional: Quanto Faz Sentido Investir Fora do Brasil?

Diante desse cenário, a diversificação internacional deixa de ser apenas uma estratégia sofisticada e passa a cumprir um papel defensivo. Se ao menos 16% dos gastos das famílias estão atrelados ao dólar, faz sentido considerar uma parcela semelhante dos investimentos fora do Brasil.

A lógica é simples: alinhar o patrimônio à realidade do consumo. Investir apenas em ativos domésticos, enquanto uma parte relevante da vida já é dolarizada, cria um descompasso entre renda, gastos e proteção patrimonial. Em suma, mais do que buscar retorno, a diversificação internacional funciona como um mecanismo de equilíbrio.

Portanto, ela ajuda a reduzir riscos, suavizar impactos cambiais e tornar o patrimônio mais aderente à economia real em que vivemos.

Autor(a):

Portal de notícias e informações atualizadas do Brasil e do mundo. Acompanhe as principais notícias em tempo real