Empresas da Bolsa Antecipam Proventos para Isenção de Imposto de Renda em 2026
Empresas da Bolsa antecipam proventos para evitar imposto de renda em 2026. Estudo aponta que 135 companhias já implementaram estratégias com desembolso de R$ 95 bilhões
Empresas da Bolsa Antecipam Proventos para Isenção de Imposto de Renda
Empresas listadas na bolsa brasileira adotaram estratégias criativas para antecipar a distribuição de proventos, visando garantir a isenção do imposto de renda antes da sua implementação em 2026. O objetivo é mitigar os impactos da nova tributação sobre dividendos.
Um estudo exclusivo do MZ Group para o Seu Dinheiro revelou que, até o momento, pelo menos 135 companhias já implementaram movimentos ligados à distribuição de proventos, com desembolsos superiores a R$ 95 bilhões.
Instrumentos de Antecipação: Diversidade de Estratégias
Além dos formatos tradicionais, como dividendos ordinários e extraordinários e juros sobre capital próprio (JCP), diversas outras estratégias foram utilizadas. Entre elas, destacam-se o aumento de capital com bonificações, reduções de capital, recompras de ações e o uso de dívida para pagamento de proventos e bonificações de ações preferenciais resgatáveis.
Riscos e Vantagens das Alternativas
A utilização de dívida para pagar dividendos apresenta riscos relevantes, considerando o cenário de juros elevados no Brasil. Segundo o especialista em contabilidade Orleans Martins, o principal problema não é apenas o custo da dívida, mas a troca de uma obrigação flexível, como dividendos, por uma obrigação rígida, com vencimento definido e pagamento recorrente de juros. “Até os bancos têm feito essas operações de forma seletiva para não se expor a empresas no limite do endividamento”, afirma.
Eficiência Tributária e o Papel da Dívida
Para empresas com endividamento controlado e geração de caixa recorrente, a utilização da dívida para fins de eficiência tributária, conhecida como “tax shield”, pode ser vantajosa. O analista da Genial Investimentos, Ygor Bastos, explica que a dívida reduz o lucro tributável e, consequentemente, a carga de impostos.
A lógica é semelhante à dos JCP, e costuma fazer mais sentido para empresas maduras, perenes, com forte geração de caixa e endividamento abaixo da média do setor, como as do setor elétrico, utilities, bancos, telecomunicações e concessões.
Outras Estratégias de Antecipação
A redução de capital também foi adotada por algumas empresas, como a Telefônica Brasil, geralmente maduras, com excesso de capital e pouco espaço para expansão. A devolução de recursos ao acionista não é classificada como dividendo e segue isenta.
Regis Chinchila, head de research da Terra Investimentos, alerta que o uso recorrente pode sinalizar escassez de oportunidades de investimento e comprometer o crescimento futuro. Além disso, a redução de capital pode diminuir as ações em circulação e afetar a liquidez.
Conclusão
A antecipação de proventos deve seguir forte até abril de 2026, diante do receio das empresas com possíveis mudanças nas regras tributárias. A tendência é de menor pagamento direto de proventos ao longo do ano, com maior uso de outros instrumentos.
Mesmo assim, dividendos e JCP devem continuar liderando antecipações, seguidos por ações resgatáveis e recompras. O que está em alta é a criatividade.
Autor(a):
Redação
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