EVEN (EVEN3): CFO analisa o resultado do segundo trimestre de 2025 e detalha os próximos passos para a empresa aumentar os pagamentos de dividendos

Marcelo Dzikowski, em entrevista ao Seu Dinheiro, comenta sobre o impacto da Selic nos negócios, afirmando que o setor é “blindado” contra as altas taxa…

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(Imagem de reprodução da internet).

A construtora Even (EVEN3), com atuação relevante no segmento de alto padrão em São Paulo, registrou lucro líquido consolidado de R$ 48,875 milhões no segundo trimestre do ano. O resultado ficou inferior à projeção do BTG Pactual, que previa R$ 60 milhões.

Essa variação indica uma redução de 39,5% em comparação com o trimestre anterior e de 32,6% em relação ao mesmo período de 2024, sem considerar os impactos contábeis decorrentes da venda da participação na Gaucha Melnick (MELK3), ocorrida no ano anterior.

No período de seis meses, o lucro líquido abrangente (excluindo a Melnick) atingiu R$ 130 milhões, ligeiramente superior aos R$ 126 milhões registrados no mesmo período do ano anterior.

O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, sigla em inglês) nos últimos 12 meses foi de 10,9%, indicando uma redução de 2,1 pontos percentuais em relação ao ano anterior e de 1,7 pontos percentuais na comparação trimestral.

O CFO da empresa, Marcelo Dzik, afirmou em entrevista ao Seu Dinheiro que o ROE do primeiro semestre ficou em 13,6%. “Um pouco abaixo do que almejamos para nossa estabilidade, mas ainda é um número expressivo para o período.”

Em relação à receita líquida, o resultado foi de R$ 570 milhões, superior às projeções do BTG (R$ 482 milhões) e ao consenso de mercado compilado pela Bloomberg (R$ 515 milhões). Esse total representa um aumento de 68,9% em comparação com o primeiro trimestre, porém uma queda de 38,3% em relação ao segundo trimestre de 2024.

A margem líquida ficou em 10,4% no período de abril a junho, em comparação com 27,9% de janeiro a março e 12,5% no segundo trimestre de 2024. O resultado ficou abaixo da projeção do BTG, que previa 12,4%.

De acordo com Dzik, a redução observada foi resultado do efeito da venda do hotel Faena, que, conforme previsto, gerou margem inferior às unidades residenciais do mesmo empreendimento. Ele complementa que, sem essa venda, a margem bruta ajustada teria sido de 29,8%, em consonância com os períodos anteriores.

Even alcança mais resultados no segundo semestre de 2025.

A geração de caixa operacional foi de R$ 67 milhões no trimestre. A empresa encerrou o trimestre com caixa de R$ 923 milhões, dívida bruta de R$ 1,13 bilhão e dívida líquida de R$ 202,4 milhões, queda de 74,9% em relação ao mesmo período de 2024. A relação entre dívida líquida e patrimônio líquido ficou em 9,3%, queda de 30,8 pontos.

A Even registrou um crescimento de 25,6% nos lançamentos, totalizando R$ 693,5 milhões em valor geral de venda (VGV) potencial. As vendas líquidas diminuíram 9% nesse período, atingindo R$ 442 milhões.

O período foi caracterizado pelo lançamento do Casa Madalena e pela venda completa do Hotel Faena. A carteira de vendas manteve-se robusta no segmento de alto padrão, respondendo por 57% do total.

O estoque da Even finalizou o trimestre com R$ 2,9 bilhões, sendo que apenas 12% foi concluído. A maior parcela, 77% do volume em construção, possui entrega prevista a partir de 2027. A administração intensificou o foco em empreendimentos de alto padrão.

A Even já prepara lançamentos significativos para o segundo semestre, incluindo o São Paulo Bay (com um valor vetorial de R$ 1,3 bilhão) e o Plenitude Melo Alves.Os efeitos das taxas de juros elevadas e seus resultados proporcionados.

De acordo com Dzik, a Selic em 15% ao ano, obviamente, afeta o setor imobiliário, elevando o custo do financiamento e o crédito aos clientes, além de torná-los mais escassos. Contudo, a Even, ao adotar um padrão elevado, encontra-se, em certa medida, “protegida”.

O cliente de alto padrão, conforme o executivo aponta, possui maior segurança em relação aos juros, devido ao seu patrimônio e liquidez, e demonstra inclinação para investir em imóveis ou como investimento puro, principalmente por receber maiores juros em moeda local e também se beneficiando de valores em dólar.

Observamos que o nosso cliente enfrenta uma alta exposição aos juros. Ele acumula juros mensalmente e ainda possui proteção em relação ao dólar.

Em relação às captações de recursos no mercado de capitais, o CFO afirma que a Even tem observado spreads “bastante baixos”, o que representa uma vantagem.

A gestão financeira eficiente e a baixa dívida favorecem a empresa, permitindo-lhe ter acesso melhor ao mercado e alocar seus próprios recursos, adaptando-se a esse cenário volátil, o que representa uma vantagem significativa em relação a incorporadoras menores, que encontram maiores dificuldades para desenvolver projetos e obter financiamentos.

Contudo, um aspecto relevante, na sua visão, é a tributação sobre os CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) a partir do próximo ano, o que pode alterar essa dinâmica.

Os dividendos? De acordo com Dzik, a Even pretende ser uma boa distribuidora de lucros aos acionistas no futuro, contudo, no presente, a empresa demonstra cautela com os pagamentos em decorrência do cenário macroeconômico e das altas taxas de juros.O que fazer com as ações EVEN3?

As ações da construtora Even (EVEN3) fecharam nesta segunda-feira com alta de 0,14%, sendo negociadas a R$ 6,98. No acumulado do ano, o valor do papel aponta para valorização de 31,45%.

São seis recomendações para o papel da Even, sendo quatro de compra e duas de manutenção, incluindo o caso do BTG Pactual.

Fonte por: Seu Dinheiro

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