Fed dos EUA sinaliza corte de juros, mas inflação gera cautela entre diretores

Fed observa aumento do desemprego nos EUA e inflação se distanciando de meta de 2%

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(Imagem de reprodução da internet).

Fed Debate Juros Após Corte e Incógnitas Econômicas

Enquanto os mercados aguardam a decisão do Federal Reserve (Fed) sobre os juros nos Estados Unidos, os diretores do banco debatem suas visões sobre a economia do país. A incerteza em relação ao futuro da política monetária norte-americana é notável, com diferentes perspectivas entre os membros do banco central.

A posição atual do Fed é que o aumento dos riscos para o mercado de trabalho dos Estados Unidos justifica um corte dos juros. No entanto, os membros do Fed permanecem cautelosos devido à persistência da inflação. Essa dualidade de preocupações define o debate interno e influencia as decisões do banco central.

Na reunião passada, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) retomou a flexibilização monetária, cortando a taxa em 0,25 ponto percentual (p.p.). Os juros passaram para entre 4% e 4,25% ao ano. Essa ação, embora esperada, ainda não resolve as principais questões em jogo.

“A maioria dos participantes observou que era apropriado mudar a taxa básica em direção a uma configuração mais neutra, porque eles julgaram que os riscos de baixa para o emprego haviam aumentado”, informou a ata referente à reunião dos dias 16 e 17 de setembro, quando aconteceu o corte. A análise do mercado de trabalho é um fator crucial na decisão do Fed.

A preocupação com as oportunidades de trabalho no país é evidente. A taxa de desemprego nos EUA atingiu o maior patamar em quase quatro anos, segundo o relatório do Bureau of Labor Statistics de agosto. Essa situação exige atenção redobrada por parte do Fed.

Os dados de setembro não foram divulgados ainda por causa da paralisação das instituições públicas do governo dos EUA (shutdown), que não tem previsão de fim. A falta de informações adicionais dificulta a avaliação da situação econômica.

Sem esses dados, o Fed pode precisar realizar a próxima reunião “no escuro”, sem saber o nível do impacto do corte de 0,25 p.p. na economia. A incerteza é um obstáculo significativo para a tomada de decisões.

E a inflação? A situação inflacionária também é motivo de preocupação. “A maioria dos participantes enfatizou os riscos de alta em suas perspectivas para a inflação”, segundo o documento divulgado nesta quarta-feira (8).

Eles destacaram que as projeções e análises de inflação têm se afastado ainda mais da meta do país, de 2%. A incerteza contínua sobre os efeitos das tarifas comerciais e outros fatores vem impulsionando a alta de preços no território norte-americano.

O que esperar da próxima reunião. De acordo com a ata divulgada nesta quarta-feira, “alguns participantes” do Fed disseram que tinha “mérito” em manter a taxa de juros inalterada, ou seja, entre 4% e 4,25%.

Por outro lado, “um” deles defendeu um corte de 0,50 p.p., o que levaria a taxa ao patamar de 3,50% e 3,75%. A divergência de opiniões demonstra a complexidade do cenário econômico.

Na última reunião, Stephen Miran, que é aliado e foi indicado por Donald Trump, votou em um ajuste maior dos juros do que os demais diretores. Miran é um grande defensor do relaxamento monetário, assim como Trump. Já Jeffrey Schmid (Kansas) e Raphael Bostic (Atlanta) fizeram comentários mais moderados recentemente.

As novas projeções do banco central norte-americano mostraram que a mediana das expectativas das autoridades é de mais dois cortes este ano. A expectativa de cortes futuros dos juros é um fator que influencia o mercado.

A próxima reunião de política monetária acontece nos dias 28 e 29 de outubro, com outro ajuste de 0,25 p.p. precificado pelo mercado. A decisão do Fed terá impacto direto na economia americana e global.

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