Gerdau reduz investimentos em 2026 por causa da concorrência chinesa

Gerdau Reduz Investimentos Diante da Concorrência do Aço Chinês

A Gerdau (GGBR4) anunciou uma revisão em seus planos de investimento, prevendo gastos de R$ 4,7 bilhões em 2026, um valor 21,7% menor do que o inicialmente planejado. Essa decisão estratégica reflete o impacto da forte concorrência proveniente do aço importado da China, que já representa quase um quarto do mercado brasileiro e exerce pressão sobre as margens de lucro da companhia.

Desempenho da Receita em 2025

Na primeira metade do ano de 2025, a empresa registrou uma queda de 4% na receita proveniente das vendas no mercado interno, totalizando R$ 12,5 bilhões. Essa redução demonstra os desafios enfrentados pelo setor siderúrgico brasileiro diante da crescente competição internacional.

Intervenção do CEO e Medidas de Defesa Comercial

De acordo com o diretor-presidente (CEO), Gustavo Werneck, os investimentos da Gerdau estão diretamente ligados à implementação de medidas de defesa comercial, propostas pelo governo brasileiro. Werneck declarou em entrevista que a continuidade desses investimentos dependerá da intensificação da proteção ao setor.

Impacto da Sobreoferta Chinesa e Cenário Global

O Brasil consome aproximadamente 4 milhões de toneladas de vergalhão anualmente. Em contraste, a China possui uma capacidade instalada de 400 milhões de toneladas, resultado de décadas de expansão em infraestrutura. Com a desaceleração econômica chinesa, esse excedente é exportado a preços abaixo do custo de produção, impactando mercados globais. A União Europeia também discute a redução de cotas de importação, enquanto os Estados Unidos já aplicam tarifas de 50% sobre o aço estrangeiro.

Destino dos Investimentos da Gerdau em 2026

Apesar do corte nos investimentos, a Gerdau manterá recursos para a manutenção das operações, com R$ 3 bilhões anuais nos próximos cinco anos. R$ 2,9 bilhões serão destinados à manutenção e R$ 1,8 bilhão a novos projetos. Um dos principais projetos é a mina de minério de ferro em Miguel Burnier (MG), que já recebeu R$ 4 bilhões dos R$ 5,2 bilhões previstos, com o restante a ser aplicado até 2027.

Projeções e Perspectivas da Siderurgia Brasileira

A mina em Miguel Burnier deve gerar um Ebitda adicional de R$ 400 milhões em 2026, com expectativa de alcançar R$ 1,1 bilhão por ano após o período inicial de maturação. A Gerdau reconhece o ambiente “cada vez mais incerto”, devido ao aumento do aço importado, preços locais em queda e demanda afetada pelos juros elevados. A empresa projeta Ebitda anual de R$ 1,5 bilhão com os projetos de investimento em andamento, apostando em ganhos de eficiência e na produção própria de minério.