Gestor identifica ainda oportunidades em 20 ações de empresas de pequeno porte

Na conjuntura de alta instabilidade, o gestor da Trígono Capital anunciou os investimentos mais relevantes da gestora em ações de small caps.

14/08/2025 6:09

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O investidor que apostou nas ações de empresas de menor porte da bolsa brasileira foi recompensado com ganhos expressivos no primeiro semestre de 2025. No entanto, o mercado tende a se voltar para as small caps, conforme aponta Werner Roger, gestor da Trígono Capital, gestora independente com mais de R$ 2 bilhões em ativos sob gestão e especializada em acompanhar empresas com menor capitalização na B3.

A situação permanece incerta, com grande incerteza no cenário. Por isso, a aversão ao risco também cresce, afirmou, em entrevista ao Seu Dinheiro. “É hora de cautela, e os ETFs [fundos de índice] podem enfrentar maiores dificuldades.”

Até a primeira metade do ano, empresas com menor capitalização na B3 eram consideradas desafiadoras para as carteiras de investidores brasileiros, em razão da expectativa de flexibilização monetária pelo Banco Central.

Isto porque as minúsculas — especialmente as mais cíclicas — são muito mais sensíveis aos movimentos de juros do que as empresas de maior capitalização da B3, como a Petrobras (PETR4) ou os grandes bancos, por exemplo.

A projeção de queda da taxa Selic em 2025 elevou o desempenho das empresas de menor capitalização da bolsa brasileira. Nos primeiros seis meses do ano, o índice Small Cap (SMLL) registrou valorização de aproximadamente 26% na B3, em comparação com alta de 15,44% do Ibovespa.

O ETF da Trigão, TRIG11, focado em empresas do segmento Small Caps, obteve o desempenho superior entre todos os fundos de índice listados na B3 na primeira metade do ano, apresentando um retorno de 36,69%.

No entanto, como grande parte do mercado, Roger agora é cético quanto a uma queda brusca das taxas de juros – e o próprio Banco Central já sinalizou que a Selic deve permanecer em níveis elevados por um período maior.

O gestor afirmou que a queda nas small caps teve como razão o pressuposto de que as taxas de juros diminuiriam em breve, mas que atualmente não se sabe quando essa situação se concretizará.

Essa projeção indica um cenário menos favorável para as empresas de pequeno porte, especialmente aquelas vinculadas à economia doméstica, como construtoras, o setor varejista e o educacional.

Pequenos: de primeiro semestre estelar a cautela extrema

O desempenho ascendente das empresas de pequeno capitalização no primeiro semestre é, em grande parte, resultado do retorno de investidores estrangeiros ao mercado de ações brasileiro.

Ele argumenta que a pressão de compra se manifesta de forma mais evidente em ações com maior influência nos índices, considerando que o investidor estrangeiro frequentemente utiliza ETFs, que replicam os portfólios dos índices de referência.

Segundo o gestor, setores como imobiliário, varejo e consumo, e educação, que foram destaques de valorização no primeiro semestre e são fortemente influenciados pela queda de juros, podem sofrer daqui para frente.

Em julho, o fluxo inverteu e as small caps já estão sofrendo. No cenário local, os investidores mais cautelosos setorialmente devido aos juros, e o investidor pessoa física tendem a seguir com a onda. Outro público importante é o institucional, composto por fundos de pensão, RPPS [previdência dos servidores públicos] e fundos de gestoras, com um resgate bastante forte. O apetite dos institucionais para renda variável continua limitado, já que eles preferem títulos como as NTN-Bs, que oferecem retornos atrativos e superam facilmente as metas atuariais sem risco adicional.

Para ele, existem muitas incertezas em relação aos incentivos fiscais do governo, ao consumo e ao cenário dos juros.

Na Trígono, questionamos um tanto essa atitude dos investidores em apostarem nesses setores mais voláteis. As prioridades estão desordenadas. O desempenho do setor foi notável no primeiro semestre; agora, observaremos o que ocorrerá no segundo semestre.

Há esperança para as ações de small caps na bolsa brasileira?

Roger também trouxe um alívio aos investidores de renda variável: ainda há oportunidades para as small caps e ações na bolsa brasileira.

O responsável aponta que, apesar do cenário apresentar instabilidade, existem chances favoráveis para aqueles que fizerem a seleção adequada.

Na avaliação do gestor, há um trípode de critérios de seleção para quem quer investir em small caps em meio ao cenário volátil previsto para o fim de 2025.

Para o segundo semestre, seria interessante buscar empresas capitalizadas e com caixa disponível para remunerar os investidores com bons dividendos. “Empresas pagadoras de dividendos são menos vulneráveis, porque elas têm caixa”, explicou.

Adicionalmente, as empresas dolarizadas estariam protegidas das maiores flutuações da economia ou de uma eventual deterioração na avaliação de risco.

Finalmente, as empresas com pouca endividamento financeiro tendem a apresentar menor impacto em um cenário de taxas de juros elevadas.

Na Trígono, isso se manifesta em investimentos no agronegócio, no setor industrial conectado ao automobilístico, e em um número limitado de empresas do setor imobiliário, por exemplo.

Um olhar para o balanço financeiro da Trigono.

Assim, o que consta no portfólio de ações da Trigone, o Seu Dinheiro, Werner Roger, revelou algumas das principais apostas da gestora no mercado brasileiro.

A Trígono demonstra grande interesse em investimentos no setor agrícola da B3, com quatro principais estratégias em sua carteira.

A Trígono também apresenta alta nos seus investimentos em commodities. No setor de petróleo e gás, destacam-se as ações Prio (PRIO3) e PetroRecôncavo (RECV3).

Na área de mineração e metais, Werner aponta a Aura Minerals (AURA33), que recentemente iniciou suas operações em Wall Street, se beneficiando do aumento do preço do ouro, com redução de custos e avaliação inferior em relação a outras empresas do setor.

Adicionalmente, o gestor mencionou a Ferbasa (FESA4), empresa focada na produção e comercialização de ferroligas, que obteve isenção total de tarifas nos Estados Unidos.

A Trígono também possui destaque no seu portfólio de ações, com algumas das opções preferidas da gestora na B3 sendo:

No setor financeiro, a aposta de Werner é a BR Partners (BRPR3), um banco voltado para fusões e aquisições e reestruturação de dívidas do agronegócio, menos impactado por questões como inadimplência e juros convencionais.

No mercado imobiliário, Werner seleciona construtoras de qualidade, como Moura Dubeux (MDNE3), Lavvi (LAVV3) e Cyrela (CYRE3).

A Trígono também possui a Tegma (TGMA3), uma transportadora de veículos e de logística que conta com a BYD como cliente, sem ser alavancada e que distribui dividendos aos acionistas.

A Celesc (CLSC4) e a Unifique (FIQE3) finalizam o conjunto de ativos da administradora.

Ao iniciar a atividade de garimpo, existem diversas possibilidades nas empresas de menor capitalização da B3, declarou o gestor.

Fonte por: Seu Dinheiro

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