O Grupo Mateus (GMAT3) enfrenta uma significativa instabilidade em suas ações, com uma queda acumulada superior a 16% nos últimos cinco dias. Essa turbulência foi desencadeada pela divulgação, na última semana, de um erro contábil de aproximadamente R$ 1,1 bilhão, revelado na divulgação dos resultados do terceiro trimestre.
A empresa identificou falhas nos cálculos de seus estoques e custos das mercadorias vendidas, necessitando corrigir valores em períodos anteriores.
Revisão das Demonstrações Financeiras
Para garantir a consistência e comparabilidade das demonstrações financeiras de 2024 e 2023, a empresa realizou uma revisão completa. Essa correção impactou diretamente o valor dos estoques, que diminuíram de R$ 6,047 bilhões para R$ 4,939 bilhões, representando uma redução de R$ 1,107 bilhão.
Impacto nos Investimentos da Controladora
Adicionalmente, a correção contábil afetou os investimentos contabilizados pela controladora, que diminuíram em R$ 694,7 milhões, refletindo a necessidade de ajustar os valores das empresas do grupo impactadas pelos novos cálculos.
Perda de Valor de Mercado
A forte queda nas ações da companhia na B3 resultou em uma perda de aproximadamente R$ 2,5 bilhões em valor de mercado, conforme estimativa do Seu Dinheiro, com base em dados da .
Afirmações da Empresa
Apesar do ajuste significativo, o Grupo Mateus declarou que não houve impacto no caixa da empresa nem problemas com contratos de dívida. A empresa enfatizou que a revisão foi puramente contábil e não alterou os recursos disponíveis nem o funcionamento das operações.
Problemas Históricos de Monitoramento
A instabilidade das ações do Grupo Mateus não é recente. Informações do Valor indicam que, antes mesmo do IPO da varejista, consultorias já apontavam a falta de acompanhamento da evolução histórica do estoque. Os auditores recomendavam a implementação de um sistema específico para monitorar esses custos.
Possíveis Causas do Erro
A origem do erro ainda não está totalmente clara, mas o mercado suspeita de falhas no cálculo dos impostos de entrada, como o PIS e o ICMS, que afetam o valor final dos produtos. Outra possibilidade é o tratamento incorreto das bonificações recebidas de fornecedores, um ponto sensível para varejistas como Carrefour, Dia e Americanas.
Funcionamento das Bonificações
As bonificações são mercadorias ou valores financeiros que os fornecedores entregam às varejistas como parte da negociação comercial. Elas funcionam como um “desconto” concedido fora da nota fiscal principal. Ao entrar na operação, o custo é calculado apenas sobre o que foi efetivamente pago, enquanto as unidades recebidas como bonificação ficam de fora da conta, o que puxa o custo médio do estoque para baixo.
A dúvida central é se a empresa lançou adequadamente esses valores no momento certo ou se houve desencontro entre o registro e a venda.
