Marcas Brasileiras Centenárias que se Reinventaram
Em um mercado competitivo, poucas marcas conseguem se reinventar após um período de declínio. No Brasil, empresas como Guaraná Antarctica, Lacta, Nestlé e Antarctica demonstram que a tradição, por si só, não é suficiente. O sucesso reside na capacidade de acompanhar as mudanças no gosto do consumidor, identificar o momento certo para a transformação e manter a identidade da marca ao longo do tempo.
Guaraná Antarctica: Do Refrigerante Popular ao Símbolo Nacional
Lançada em 1921 pela Companhia Antarctica Paulista como Guaraná Champagne Antarctica, a marca teve seu início com inspiração nacionalista, utilizando o guaraná da Amazônia. Nos anos 1990, com a chegada da Coca-Cola e da Pepsi, o refrigerante enfrentou um período de incerteza. A Ambev reagiu com uma estratégia dupla, associando a marca à Seleção Brasileira e utilizando campanhas bem-humoradas. O guaraná ressurgiu como um símbolo popular, culminando no relançamento da “Caçulinha” com brindes colecionáveis, conectando a marca à cultura pop e ao público jovem.
Lacta (São Paulo, 1912): Quando o Chocolate Quase Derreteu
Fundada em 1912 em São Paulo, a Lacta inicialmente como Société Anonyme de Chocolats Suisses, nasceu com a proposta de produzir chocolates com padrão suíço no Brasil. Apesar de ter vivido tempos de glória, a marca perdeu espaço para a Nestlé nas décadas seguintes. A virada veio com a apropriação de datas comemorativas, como Páscoa e Dia dos Namorados, que se tornaram sinônimo da marca. A associação com afeto garantiu a sobrevivência da Lacta, que hoje, sob o guarda-chuva da Mondelez, continua como uma das líderes do setor.
Nestlé Brasil: Do Império do Leite Condensado à Reinvenção Saudável
A história da Nestlé no Brasil começa com a Anglo-Swiss Condensed Milk Company na Suíça, em 1866, seguida pela criação da Nestlé por Henri Nestlé. Presente no país desde 1876, com marcas como o Leite Moça e o Nescau, a Nestlé enfrentou críticas sobre ultraprocessados no início dos anos 2000. A reação veio com reposicionamento, incluindo linhas mais saudáveis, programas educativos e embalagens sustentáveis. Atualmente, iniciativas como o programa Nestlé por Crianças Mais Saudáveis e investimentos em produtos com menos açúcar mostram a marca se reinventando sem perder o apelo afetivo.
Antarctica: Do Risco de Apagão à Fusão que Mudou o Jogo
A Antarctica começou em 1885 em São Paulo como produtora de gelo e logo entrou no mercado de cervejas e refrigerantes. Durante décadas, foi uma das maiores marcas do país. No entanto, a concorrência acirrada e problemas de gestão levaram à perda de espaço nos anos 1990. A solução foi a fusão com a Brahma, que deu origem à Ambev. A marca se reinventou mantendo produtos icônicos, como a cerveja Original e o Guaraná Antarctica, e sobreviveu dentro de um dos maiores conglomerados de bebidas do mundo.
Conclusão: A Marca como História
As marcas centenárias brasileiras provaram que tradição, sozinha, não é suficiente. Algumas estiveram na beira do apagão e voltaram com força; outras se mantiveram vivas ao se adaptar continuamente. O ponto em comum é claro: a marca não é só produto, é uma história. E histórias bem contadas não envelhecem.