Hapvida enfrenta turbulência na bolsa após balanço de 2025 e desafios antigos ressurgem

Hapvida enfrenta turbulência na bolsa após balanço de 2025. Aumento da sinistralidade e declínio no Ebitda preocupam mercado e analistas. Fusão com NotreDame Intermédica não trouxe resultados esperados

24/11/2025 6:05

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(Imagem de reprodução da internet).

Hapvida e a Tempestade na Bolsa: Um Resfriado com Sintomas Antigos

A trajetória da Hapvida (HAPV3) nos últimos dois meses tem sido marcada por uma forte turbulência na bolsa de valores, desencadeada pela divulgação do balanço do terceiro trimestre de 2025. A empresa, que outrora era vista como uma das queridinhas do mercado, enfrenta agora um cenário de incertezas, com sintomas que se assemelham a problemas já conhecidos.

A situação se repete em muitos aspectos, com o aumento da sinistralidade, o declínio no Ebitda e o consumo de caixa, fatores que geraram preocupação entre gestores e analistas. A empresa, que verticalizou suas operações, buscando controle sobre planos e hospitais, agora enfrenta desafios adicionais no Sudeste e Sul, regiões onde a fusão com a NotreDame Intermédica, anunciada em 2021, não trouxe os resultados esperados.

O Aumento da Sinistralidade e os Fatores em Jogo

Um dos principais indicadores que alarmam o mercado é o aumento da sinistralidade, que representa o percentual de uso dos serviços prestados pela operadora em relação à receita total. No terceiro trimestre de 2025, esse indicador atingiu 75,2%, um avanço de 1,4 ponto percentual em relação ao ano anterior.

Essa alta coincide com o aumento das viroses e das temperaturas mais baixas, conforme admitiu o CEO da Hapvida, Jorge Pinheiro.

No entanto, a empresa enfrenta um mercado de planos de saúde competitivo, especialmente no Sudeste e Sul, onde o ticket médio é limitado pela alta concorrência. A incapacidade de repassar preços mais altos dificulta a recuperação da rentabilidade.

Sintomas Antigos e Novos Desafios

Além da sinistralidade, a Hapvida enfrenta outros problemas já conhecidos, como o declínio no Ebitda e o consumo de caixa. O indicador de desempenho operacional ajustado ficou em R$ 746 milhões, uma queda de 2,4% em relação ao ano anterior, bem abaixo das projeções do Itaú BBA e BTG Pactual.

O consumo de caixa, que atingiu R$ 25 milhões no 3T25, também é um fator preocupante, impulsionado pela sinistralidade elevada e pelo aumento das provisões para procedimentos realizados na rede credenciada e no SUS. O pagamento de R$ 92,3 milhões referentes ao acordo de ReSUS e multas da ANS, além do aumento de 106,7% nas provisões relacionadas ao SUS, agravam ainda mais a situação financeira da empresa.

O Impacto da Fusão e a Necessidade de Reavaliação

A fusão com a NotreDame Intermédica, que visava expandir a atuação da Hapvida para o Sudeste, não trouxe os resultados esperados. A empresa ainda não conseguiu encontrar um modelo rentável para operar nessa região, onde a concorrência é acirrada e os custos para construir e operar hospitais são elevados.

Os analistas e gestores recomendam cautela e aguardam a reavaliação dos fundamentos da empresa antes de tomar qualquer decisão de investimento. A situação da Hapvida demonstra a importância de adaptar-se às particularidades de cada região e de buscar um modelo de negócios sustentável e rentável.

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