Um estudo do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE) revelou que a inflação de Natal, calculada em 12 meses até novembro, atingiu apenas 0,10%. Essa desaceleração é notavelmente inferior aos 4,48% registrados no ano anterior, indicando uma estabilidade aparente.
No entanto, essa redução não se traduz em economia para o orçamento familiar, especialmente no que diz respeito aos itens essenciais da ceia.
Aceleração nos Acompanhamentos
Em contrapartida à desaceleração da inflação, os acompanhamentos típicos da ceia apresentaram uma queda significativa. O recuo de 1,44% foi impulsionado pela normalização das cadeias de oferta, condições climáticas favoráveis no Brasil e a diminuição dos preços das commodities alimentárias em nível global.
Essa combinação trouxe um alívio para o bolso das famílias.
Pressão nas Carnes
Contrariando a tendência de queda nos acompanhamentos, o item principal da ceia, a proteína, continuou com preços elevados. O bacalhau, por exemplo, registrou um aumento de 20,25% em relação ao ano anterior, devido a um câmbio desfavorável e restrições de oferta.
Essa situação demonstra a persistência da pressão inflacionária em um dos componentes mais importantes da ceia.
Presentes: Recuperação Discreta
No setor de presentes, a situação é mais discreta, mas observa-se uma recuperação. A cesta de presentes avançou 1,41%, interrompendo um período de variação quase nula. Os eletrônicos continuam a contribuir para conter os preços, embora com menor intensidade.
O vestuário, por outro lado, voltou a subir, com destaque para a pressão em produtos de saúde e beleza.
Consumo Aquecido
Matheus Dias, pesquisador do FGV IBRE, atribui o movimento a um consumo mais aquecido em 2025, impulsionado por um mercado de trabalho forte. Essa retomada nos bens de consumo semiduráveis contribui para a dinâmica do mercado.
Economia Equilibrada com Nuances
O Natal de 2025 ocorre em um contexto macroeconômico diferente dos anos anteriores, com a inflação convergindo gradualmente à meta, o ganho real de renda e um mercado de trabalho resiliente. Apesar disso, alguns fatores ainda exercem pressão sobre os preços, especialmente em itens importados e cadeias produtivas mais longas.
Variações de Preços em Supermercados
O Procon-SP alertou para a existência de grandes variações de preços entre supermercados. Uma pesquisa realizada entre 4 e 10 de dezembro avaliou 121 produtos típicos de Natal em 82 supermercados de 12 municípios. Os resultados apontaram variações que podem chegar a 169% para o mesmo item, dependendo do estabelecimento.
Os itens com maiores diferenças de preço foram azeites, panetones, frutas e carnes congeladas, muitas vezes dentro da mesma cidade. Isso significa que o custo da ceia pode variar significativamente dependendo do local de compra.
