Itaú, BTG e Nubank atraem investidores europeus após eleição

Brasil Continua Atraindo Investimento Estrangeiro

O Brasil permanece um destino atraente para investidores estrangeiros, impulsionado por um ambiente global favorável aos mercados emergentes. Uma recente série de reuniões entre analistas do BTG Pactual e cerca de 25 investidores europeus revelou um otimismo cauteloso entre os investidores europeus em relação à América Latina, sustentado por um dólar mais fraco e um aumento no apetite por risco.

Se a tendência positiva para os mercados emergentes persistir até 2026, há um potencial para a retomada de fluxos e uma maior capacidade de alocação no Brasil, conforme apontam os analistas do BTG em seu relatório sobre os encontros com os europeus.

Juros Altos e Bancos

Um fator catalisador que reforça a atratividade do Brasil no curto prazo é a ausência de um início no ciclo de cortes de juros, ao contrário do que ocorreu em grande parte do mundo. Esse cenário de Selic em 15% e níveis historicamente baixos de inadimplência (NPLs) têm permitido que os bancos brasileiros reportem Retornos sobre o Patrimônio (ROEs) elevados. Os analistas do BTG observam que alguns investidores consideram que esse ambiente de margens financeiras altas e NPLs controlados pode estar se tornando o “novo normal” em mercados onde o ajuste fiscal é politicamente difícil e frequentemente realizado através da inflação, o que tende a manter os juros em níveis mais altos.

Visão Política e Eleições

A percepção dos investidores estrangeiros em relação ao cenário político brasileiro difere significativamente da visão do investidor local. Embora a disputa eleitoral seja reconhecida como apertada, com chances crescentes de reeleição do presidente Lula, os investidores europeus e nos Estados Unidos não enxergam o processo eleitoral como um evento binário.

Acredita-se que, mesmo que o dólar continue se enfraquecendo e o fluxo para emergentes permaneça positivo, o Brasil deve continuar atraente, desde que políticas econômicas mais pró-mercado sejam implementadas, embora não sejam necessariamente determinantes no curto prazo.

Vencedores Estruturais no Radar Europeu

Em termos de alocação no setor financeiro, a atenção dos investidores, especialmente aqueles com visão de longo prazo, tem se concentrado em empresas consideradas “vencedoras estruturais” no Brasil, que são capazes de gerar crescimento de lucro ao longo do tempo com menor dependência do ciclo macroeconômico.

Dentre os nomes mais destacados nas conversas na Europa, o Itaú Unibanco (ITUB4) se destaca, com o banco buscando reduzir o custo de atendimento e melhorar a relação custo/receita do varejo. O BTG acredita que o Itaú está em um ponto de inflexão estrutural significativo, com metas ambiciosas para os próximos três a cinco anos, incluindo a migração total para a nuvem e a desativação de sistemas legados.

O BTG também destaca o Banco do Brasil (BBAS3) e Inter (INTR) como tendo apelo entre os investidores europeus, especialmente devido ao potencial de benefícios do ciclo eleitoral e da vantagem competitiva no agronegócio.

Nubank e Outros Bancos

O Nubank (NU) também é considerado um “vencedor estrutural”, mas seu valuation mais alto o torna mais difícil de “precificar”. Os analistas do BTG observam que o Nubank depende menos do ciclo macroeconômico devido a um custo de atendimento menor e uma base de clientes massiva, o que permite trabalhar com tíquetes menores e prazos de empréstimos mais curtos. O BTG também menciona que o Banco do Brasil e Inter (INTR) ainda têm apelo entre os investidores europeus.

Desinteresse dos Investidores Europeus

O BTG ressalta que o interesse dos investidores europeus por XP (XP) foi menor do que o esperado, devido à associação da empresa com a tese de mercado de capitais/financial deepening, e que eles preferem as ações da B3 (B3SA3). O BTG também destaca que o interesse em Banco do Brasil (BBAS3) e Inter (INTR) foi positivo, especialmente devido ao potencial de benefícios do ciclo eleitoral e da vantagem competitiva no agronegócio.