Itaúsa Reforça Aposta na Alpargatas e Havaianas com Novo Investimento

Itaúsa aumenta participação na Alpargatas, dona da Havaianas, em movimento estratégico. A holding reforça aposta de longo prazo, apesar de controvérsia com comercial da marca

26/12/2025 9:40

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(Imagem de reprodução da internet).

Alpargatas: Itaúsa Reforça Aposta com Aumento de Participação

Pouco antes do Natal, a Itaúsa (ITSA4) fez um movimento que muitos brasileiros costumam realizar no final do ano: aumentou sua participação na Alpargatas (ALPA4), dona da marca de chinelos Havaianas. Em meio às previsões para 2026, a holding decidiu elevar sua participação nas ações preferenciais da companhia, detendo cerca de 15,94% dos papéis ALPA4, o equivalente a aproximadamente 54,7 milhões de ações.

Esse movimento reforça uma posição já construída ao longo da última década, sinalizando confiança na tese de longo prazo da empresa.

O Grupo MS, da família Moreira Salles, detém cerca de 24% das ações preferenciais da Alpargatas, com aproximadamente 5,9 milhões de papéis em swaps com liquidação financeira. A combinação da participação da Itaúsa e do Grupo MS ultrapassa a marca de 40% das ações preferenciais da companhia.

Apesar do reforço da posição, os acionistas garantem que não há mudanças no controle ou na estrutura administrativa da Alpargatas.

O aumento da participação ocorre em um momento controverso para a Alpargatas. Às vésperas do fim do ano, a dona das Havaianas se viu no centro de uma polêmica que extrapolou o mundo publicitário e ganhou contornos políticos. Um comercial estrelado pela atriz Fernanda Torres foi alvo de críticas de grupos de direita, que interpretaram a mensagem como uma provocação política.

O comercial dizia: “Não quero que você comece 2026 com o pé direito. O que eu desejo é que você comece o ano com os dois pés”.

A reação foi um boicote nas redes sociais, com vídeos de chinelos cortados, pares jogados no lixo e ofertas de estoques inteiros por R$ 1. No mercado financeiro, a reação foi menos dramática. Houve quem atribuísse a queda de 2% nas ações ALPA4 a um boicote incorreto, mas os papéis ligados ao varejo apresentaram queda geral.

O movimento foi rapidamente revertido, com um avanço de 4% e ganho de R$ 455 milhões no pregão seguinte, reforçando a visão de que o boicote não teve ligação com a ação da Alpargatas.

Aposta Estratégica da Itaúsa

Independentemente das intrigas, a Alpargatas é uma aposta estratégica para a Itaúsa. A holding entrou na companhia em 2017 e, desde então, construiu uma posição controladora em conjunto com o Grupo MS. Não se trata de uma compra impulsiva, mas de uma aposta antiga que foi reforçada com a aproximação do ano novo.

Essa aposta se conecta a um objetivo: a Itaúsa tem repetido que enxerga em empresas como a Alpargatas um vetor importante de geração de valor e, sobretudo, de dividendos no médio e longo prazo. Hoje, o portfólio da Itaúsa reúne sete companhias que, juntas, somam cerca de R$ 170 bilhões em valor de mercado, incluindo Dexco, Motiva, Aegea, Copa Energia, NTS e a própria Alpargatas.

Historicamente, os dividendos pagos pela Itaúsa sempre tiveram uma fonte clara: o Itaú Unibanco, que distribui proventos robustos, e a Itaúsa repassa integralmente esses valores aos seus acionistas.

No entanto, esse arranjo está mudando. Os dividendos do portfólio não financeiro já são expressivos e, à medida que essas companhias amadurecem e aceleram resultados, a Itaúsa passa a ter mais espaço para distribuir proventos que não dependam exclusivamente do banco. “No médio a longo prazo, seremos capazes de distribuir dividendos para além do setor financeiro”, afirmou a diretora financeira da Itaúsa, Priscila Grecco, em evento com investidores no início deste mês.

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