Javier Milei e o “Plano Real”: Argentina busca transformação econômica com apoio do Brasil

Governo de Milei reacende esperanças com “Plano Real”. Gestão independente RPS Capital destaca paralelos com Brasil nos anos 90, com desinflação e reformas estruturais em discussão. Perspectivas positivas para ativos argentinos

30/10/2025 13:45

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(Imagem de reprodução da internet).

Argentina e o Potencial do “Plano Real

A vitória do partido de Javier Milei na Argentina reacendeu esperanças de uma transformação econômica no país. Segundo a gestora independente RPS Capital, o cenário político e econômico argentino se aproxima do que foi conhecido como “Plano Real” no Brasil, no início da década de 1990.

A casa destaca que, com a conquista de 86 assentos no legislativo, o governo evita a derrubada de vetos e o avanço de um processo de impeachment, faltando apenas 19 cadeiras para alcançar a maioria simples de 129 votos.

A RPS Capital enfatiza que, se Milei adotar uma abordagem pragmática, a construção de uma maioria funcional em torno de reformas estruturais se torna uma possibilidade real. A agenda de reformas que havia sido paralisada no primeiro semestre de governo, incluindo a reforma trabalhista, a simplificação tributária, a redução do custo argentino, a desregulamentação produtiva e privatizações setoriais, volta a ser discutida.

A gestora acredita que a Argentina está em uma nova fase de governabilidade, o que pode acelerar a implementação dessas reformas.

A análise da RPS Capital ressalta que o país está em uma trajetória de estabilização, com a queda abrupta da inflação, o superávit fiscal e a entrada de fluxos de capital estrangeiro. A relação entre a dívida pública e o Produto Interno Bruto (PIB) está abaixo de 40%, um dos níveis mais baixos entre os países emergentes.

A base monetária foi contraída de forma drástica, e a inflação desacelerou de 25% ao mês para um patamar de dígito único na base trimestral. Esses fatores, combinados com o apoio dos Estados Unidos, criam um ambiente favorável para a valorização dos ativos argentinos.

Paralelos com o Plano Real

A gestora aponta para semelhanças entre a situação atual da Argentina e a do Brasil no início do Plano Real em 1994. Ambas as transições envolveram forte desinflação, desenvolvimento cambiário, abertura ao capital internacional e aumento da confiança institucional, criando um ambiente fértil para valorização expressiva dos ativos financeiros.

Durante os primeiros três anos do Plano Real, o índice Bovespa acumulou valorização superior a 500% em moeda local.

Perspectivas para Ativos Argentinos

A RPS Capital acredita que a Argentina apresenta diversos dos ingredientes necessários para um ciclo de valorização. A combinação de melhorias logísticas, avanço de infraestrutura e contratos de exportação já negociados deve transformar o país em exportador líquido de energia a partir de 2026, gerando um fluxo de dólares estimado entre US$ 20 e 25 bilhões por ano em dois a três anos.

A gestão também destaca que os ativos argentinos ainda negociam como se tudo isso fosse inviável, com o setor bancário operando abaixo de 1 vez a relação de preço sobre valor patrimonial (P/PV).

Apesar dos avanços, o risco-país ainda está acima de 600 pontos, um nível compatível com economias em pré-default. O Merval, principal índice de ações da Bolsa de Buenos Aires, ainda carrega desconto superior a 70% versus pico histórico.

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