Crise Cambial na Argentina: Intervenções do Governo para Controlar Desvalorização do Peso
O presidente da Argentina, Javier Milei (La Libertad Avanza, direita), tem utilizado reservas em dólar para tentar conter a desvalorização do peso argentino, conforme reportado pela agência internacional Bloomberg. O Tesouro argentino teria disponibilizado entre US$ 700 milhões e US$ 1 bilhão em reservas restantes para essas intervenções no mercado cambial.
Na terça-feira (7 de outubro de 2025), a administração Milei realizou a sexta venda de dólares consecutiva, injetando entre US$ 250 milhões e US$ 330 milhões para evitar uma nova queda da moeda local. Em apenas seis dias de operações, o Tesouro já gastou mais de US$ 1,5 bilhão.
O Banco Central da Argentina possui um volume de reservas brutas de aproximadamente US$ 40 bilhões, mas as reservas líquidas se situam em cerca de US$ 6,4 bilhões, de acordo com o jornal argentino Clarín. As operações do Banco Central são limitadas pelo acordo estabelecido com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que restringe intervenções fora da banda cambial flutuante.
As medidas de aperto monetário e os novos controles de capitais não conseguiram conter a pressão por dólares. Mesmo com o governo reinstaurando uma proibição de 90 dias para a revenda da moeda americana e ampliando a oferta de contratos futuros, o dólar paralelo (dólar blue) ultrapassou 1.500 pesos, enquanto a cotação oficial está em torno de 1.429,5 pesos.
As projeções dos contratos futuros indicam uma desvalorização de até 60% ao ano, refletindo a perda de confiança dos investidores no mercado argentino.
A crise cambial se agrava num momento delicado, às vésperas das eleições legislativas de 26 de outubro, consideradas cruciais para o governo Milei. O presidente argentino sofreu uma derrota expressiva em um pleito provincial em setembro.
Adicionalmente, o país se prepara para pagar US$ 500 milhões em dívidas em novembro, o que intensifica as pressões sobre as contas públicas. Os títulos argentinos em dólar apresentaram uma queda na terça-feira (7 de outubro de 2025). Os papéis de 2035 recuaram quase 1 centavo, sendo negociados a cerca de 56 centavos por dólar, segundo dados compilados pela Bloomberg.