O Mercado de Skincare Tecnológico: Ciência ou Marketing?
O setor de skincare está passando por uma transformação significativa, impulsionada por inovações tecnológicas e uma nova geração de ativos cosméticos. Ingredientes como niacinamida, ácido hialurônico e vitamina C, tradicionais na rotina de cuidados com a pele, agora compartilham espaço com tecnologias de ponta, como peptídeos biomiméticos, exossomos, probióticos e PDRN.
Essa evolução, acompanhada de preços elevados e um discurso que flerta com a reprogramação celular e até a Inteligência Artificial, levanta a questão: como discernir o que é ciência sólida e o que é apenas marketing?
A Revolução Biotecnológica na Pele
“É natural que, em uma era extremamente tecnológica como a que vivemos, a tecnologia chegue ao skincare”, afirma Soon Hee, CEO e CRDO da Amakos da Amazônia. Ela aponta que o avanço será percebido em múltiplas frentes, desde o diagnóstico e avaliação da pele até um maior conhecimento sobre seu funcionamento e epigenética.
Para a executiva, o futuro é inegavelmente tecnológico, visível tanto em equipamentos como máscaras de LED e aparelhos de limpeza sônica, quanto no desenvolvimento de novos ativos.
O Mercado Bilionário do Skincare High-Tech
O mercado mundial de skincare já ultrapassa US$ 115 bilhões anuais, impulsionado pelo crescimento acelerado de produtos que prometem eficácia científica e personalização. O Brasil ocupa uma posição central nesse cenário, movendo cerca de US$ 30 bilhões por ano no segmento. 91,9% dos brasileiros priorizam eficácia comprovada na hora de escolher um produto de skincare, acima de slogans de “beleza limpa”.
Essa mudança de comportamento tem consequências diretas para a indústria, com gigantes globais investindo bilhões em pesquisa e desenvolvimento.
Marketing vs. Evidência Clínica
A linha tênue entre a comunicação de uma descoberta e a sua comprovação real é um dos pontos mais críticos. Nathalia Harnam, da L’Oréal, admite que, do ponto de vista regulatório, as exigências de comprovação são mínimas, o que “dificulta para o consumidor discernir atualmente o que é verdadeiro ou não”.
A responsabilidade, de acordo com ela, recai sobre as marcas. “O nível de comprovação em dermocosméticos fica mais a critério das marcas e por isso é importante que os usuários fiquem atentos às marcas que realmente tem compromisso com pesquisa e inovação”.
O Futuro é Personalizado, mas Humano
A inteligência artificial já desempenha um papel no desenvolvimento de novos ativos. Nathalia Harnam revela que o ativo patenteado Melasyl™ “foi selecionado entre 100.000 moléculas durante o processo de desenvolvimento através da IA”. A tendência é que a tecnologia avance para uma personalização cada vez maior. “Já vemos a IA sendo utilizada para analisar a pele e indicar rotinas personalizadas, e há pesquisas em andamento relacionando perfil genético com resposta a ativos”, afirma a Dra.
Locatelli.
Conclusão
Em um mercado repleto de promessas, a chave para o consumidor é buscar informação comprovada, entender os mecanismos de ação dos ativos e, acima de tudo, ter um olhar crítico sobre as alegações de eficácia. A combinação de tecnologias inovadoras com os ativos clássicos, aliada a uma abordagem personalizada, pode ser o caminho para uma rotina de skincare mais eficaz e segura.
