“Mercadores da Dúvida”: Como Indústrias Manipulam a Ciência e o Debate Público
“Mercadores da Dúvida” expõe estratégia da indústria do tabaco e petróleo na manipulação do debate científico. O livro analisa como a dúvida é usada como arma política
Mercadores da Dúvida: Desvendando a Manipulação da Ciência
O livro “Mercadores da Dúvida”, escrito por Naomi Oreskes e Erik M. Conway, revela uma estratégia sofisticada utilizada por indústrias como a do tabaco e do petróleo para influenciar o debate público. Publicado originalmente em 2010, o livro examina como a dúvida, frequentemente apresentada como um debate legítimo, foi transformada em uma arma política, moldando a relação entre ciência, mídia e poder.
A obra detalha um padrão de comportamento que se estende por quase sete décadas, desde a Estratégia do Tabaco até o negacionismo climático.
A Estratégia do Tabaco: Uma Base para a Desinformação
A Estratégia do Tabaco, iniciada na década de 1960, não visava provar que o cigarro causava câncer, mas sim disseminar desinformação para confundir o público. A indústria financiou institutos de pesquisa, mas com o objetivo de produzir estudos que contradisses o consenso científico.
Essa tática, impulsionada pela legislação da época que exigia a apresentação de “dois lados da questão”, permitiu que a indústria manipulasse o debate, utilizando a dúvida como ferramenta para negar a realidade científica.
O Negacionismo Climático: Um Legado de Manipulação
O negacionismo climático herdou a mesma engenharia da Estratégia do Tabaco, transformando o debate ambiental em um campo ideológico. A dúvida fabricada se tornou uma década perdida, justificando o desmonte de políticas climáticas em nome do crescimento econômico e da soberania nacional.
A manipulação se baseia na insistência de que a ciência não está em consenso, no financiamento de cientistas e institutos aparentemente independentes, na distorção de dados e na criação de uma falsa equivalência na mídia.
Rumo a uma Solução: Recuperando a Confiança na Ciência
Os autores não oferecem soluções milagrosas, mas propõem recuperar a confiança pública na ciência, exigir transparência de quem financia o discurso e romper o falso equilíbrio midiático. Eles criticam o tecnofideísmo, a crença de que a tecnologia avançará a ponto de reverter os danos ao meio ambiente, considerando que foram justamente os avanços tecnológicos que causaram esses problemas.
Sugerem um esforço de regulamentação das indústrias e das redes sociais, hoje as maiores disseminadoras de desinformação. A COP30 surge como uma oportunidade para discutir políticas de incentivo a tecnologias verdes e o corte de subsídios para usinas termelétricas baseadas no carvão.
Autor(a):
Redação
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