Michel Alcoforado investiga a riqueza no Brasil em ‘Coisa de Rico’

“Coisa de Rico” explora a ascensão de Michel Alcoforado, revelando os segredos por trás da riqueza no Brasil.

11/10/2025 8:06

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Michel Alcoforado investiga a riqueza no Brasil em ‘Coisa de Rico’
(Imagem de reprodução da internet).

Coisa de Rico (Todavia): Uma Análise do Fascínio pela Riqueza no Brasil

Michel Alcoforado, em seu livro “Coisa de Rico (Todavia)”, inicia a narrativa com um ensaio de antropologia, explorando o que significa ser rico no Brasil. O autor argumenta que nenhum economista, historiador ou sociólogo conseguiria explicar o fascínio dos brasileiros por bens de consumo de luxo nos outlets americanos dos anos 2010. A trama se desenvolve com o acompanhamento do casal emergente Mário Jorge e Claudette, que abrem as portas para Alcoforado se infiltrar nas camadas mais abastadas da população brasileira, utilizando um estilo que inclui “mocassins marrons, calça bege, óculos de tartaruga e blazer azul-marinho com botões dourados de Miami”.

Olivia e a Infiltração

Para acessar as elites tradicionais brasileiras, representadas pelas famílias “quatrocentonas”, Alcoforado conta com a orientação de Olivia, uma herdeira que reside na Suíça. Através dela, o autor se aventura no árduo caminho de infiltração nas elites, conduzindo uma pesquisa que culminou em sua tese de doutorado.

As Teses de Alcoforado

Alcoforado apresenta duas teses centrais. A primeira postula que no Brasil, ninguém se considera rico, pois a riqueza seria, primordialmente, relacional – sempre há alguém mais rico. A segunda tese, que sustenta o livro, é que no Brasil a riqueza é expressa através de bens de consumo, as “coisas de rico” do título: relógios, perfumes, bolsas de grife e automóveis de luxo são os fatores distintivos. A pesquisa envolveu a entrevista de 53 pessoas.

Perda de Fôlego na Segunda Metade

Apesar das cenas espirituosas, o livro perde o ritmo na segunda metade. Após a narrativa da infiltração, o texto se fragmenta em descrições soltas e citações de clássicos da sociologia e antropologia, sem aprofundamento. Os dados de mercado, embora numerosos, não agregam valor significativo, apenas confirmando os pontos de vista do autor. As teses também carecem de densidade, sugerindo mais um conjunto de “causos” do que uma reflexão fruto de quinze anos de pesquisa.

Exemplos e Observações

Um exemplo notável é a comparação entre a vida de Warren Buffett, que continua morando na mesma casa em Omaha, e a constante mudança de endereço de “novos ricos”. A escolha de Buffett é considerada infeliz, dada a fama do bilionário americano por sua austeridade. O livro está repleto de exemplos semelhantes, ilustrando a busca por legitimação através da materialidade, característica das fortunas emergentes em diversas culturas, distintas do “dinheiro velho”, que se distingue pelo refinamento.

Conclusão

“Coisa de Rico (Todavia)” reafirma as teses que critica: o fetiche do luxo e a superficialidade como estilo. O livro, embora divertido e entretendo até certo ponto, perde o impulso e a coesão narrativa, tornando difícil uma releitura.

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