O Retorno do Monza: Uma Jornada Nostálgica
Em abril de 1982, o Chevrolet Monza desembarcou no Brasil, marcando um período cultural significativo. Michael Jackson liderava as paradas, “E.T.” era um sucesso de bilheteria e a seleção brasileira encantava o mundo com seu futebol-arte. O carro surgiu como um símbolo imediato de status, desejo e ascensão social, impulsionado por uma estratégia ambiciosa da General Motors.
A história do Monza começa antes mesmo de sua chegada ao mercado brasileiro. No final da década de 1970, a GM iniciou um experimento ousado: desenvolver um carro global, adaptável com mínimas mudanças para dezenas de mercados. O Projeto J, que se espalhou pelo mundo a partir de 1981, deu origem a diferentes nomes, mas a GM considerou manter o nome Ascona, até que um executivo levantou a preocupação de que “Ascona lembra asco”.
A escolha final foi o Monza, proveniente do próprio portfólio da empresa.
O Impacto no Brasil e o Reconhecimento Nacional
O lançamento do Monza no Brasil, com a introdução da família de motores Família II, que posteriormente equiparia modelos como Kadett, Vectra, Omega, Astra, Blazer e Zafira, gerou um impacto significativo. O motor 1.6, embora silencioso, apresentava perda de desempenho com o uso, corrigida com o motor 1.8 de 86 cv.
Apesar da direção lenta, o Monza era descrito como “gostoso de guiar”, com suspensão firme e freios superiores aos do Opel Ascona.
A Ascensão do Monza como Símbolo de Status
A partir de 1983, com a chegada das versões sedã de duas ou quatro portas, o Monza explodiu em popularidade, especialmente entre a classe média brasileira. Ter um Monza era mais do que possuir um carro; era um símbolo de conquista, especialmente na configuração 1.8.
O modelo disputou e venceu espaço contra concorrentes como Passat, Corcel II e Santana, atingindo seu auge entre 1984 e 1986, quando se tornou o carro mais vendido do Brasil, superando até o Fusca e o Chevette – um feito raro para um modelo não popular.
Versões Especiais e Personalização
Nos anos 1980, a personalização de carros nacionais estava em alta, e o Monza acompanhou essa tendência. A chegada do motor 2.0 “biela longa” de até 110 cv consolidou uma linha cada vez mais completa e sofisticada. Na década de 1990, com a introdução da injeção eletrônica na edição especial 500 E.F., criada para homenagear Emerson Fittipaldi – recém-campeão das 500 Milhas de Indianápolis, o Monza se destacou.
O Fim de uma Era e o Legado do Monza
Em 21 de agosto de 1996, a produção do Monza chegou ao fim, após 14 anos e mais de 850 mil unidades vendidas. O modelo se tornou um “código cultural brasileiro”, especialmente para aqueles que viveram os anos 1980 e 1990. Quem possuía um Monza, possuía poder.
Atualmente, um Monza Classic SE 2.0 100% original e bem conservado pode custar entre R$ 80.000,00 e R$ 20.000,00.
A Ressurreição do Monza na China
A ressurreição do nome Monza não aconteceu no Brasil, mas na China, o maior mercado automotivo do mundo. A Chevrolet substituiu o Onix chinês pelo Monza, buscando recuperar competitividade em um segmento dominado por sedãs modernos e baratos. O novo Monza é um sedã moderno, competitivo e bem posicionado, com pouca ligação prática com o clássico brasileiro, além do nome.
