Nasdaq Busca Expandir Presença no Brasil em Meio à Seca de IPOs
A competição por capital no mercado brasileiro tem impulsionado o interesse da Nasdaq por novas parcerias com empresas locais. Em um cenário marcado pela seca de Initial Public Offerings (IPOs) desde 2021, a bolsa norte-americana busca expandir sua presença no país, atraindo empresas de diversos setores, como fintechs e agronegócio.
O evento realizado em São Paulo, em parceria com 3Dots Capital Advisory, demonstra a intenção da Nasdaq de oferecer alternativas aos investidores brasileiros.
Oportunidades para Empresas Brasileiras
A agenda lotada de reuniões com executivos da Nasdaq, incluindo Jay Heller, vice-presidente e chefe de mercados de capitais e execução de IPOs, evidencia o forte interesse das empresas brasileiras em buscar novas opções de listagem. O número de solicitações de reunião, com 35 registros, demonstra a robustez do pipeline de empresas interessadas. Setores como fintechs e agronegócio se destacam, refletindo as tendências globais e a busca por novos mercados.
A Estratégia da Nasdaq
Segundo Heller, as conversas abrangem empresas já listadas na B3 e aquelas que buscam abrir capital diretamente no exterior. O principal motivador é o acesso a investidores internacionais, como o caso da JBS. A Nasdaq enfatiza a importância de construir relacionamentos sólidos e identificar o momento ideal para cada empresa.
Além disso, a bolsa destaca a oportunidade de inclusão em ETFs, fundos negociados em bolsa que replicam índices de mercado, oferecendo acesso a uma base acionária potencialmente maior.
Potencial dos ETFs e Acesso a Capital
Salvatore Bruno, estrategista de investimentos da Nasdaq, ressalta que o mercado de ETFs supera os US$ 19 trilhões no mundo, com US$ 14 trilhões concentrados nos EUA. A maioria desses fundos são passivos, o que representa um capital passivo de US$ 11,5 trilhões a US$ 12 trilhões. A inclusão de uma empresa em um índice permite que ela acesse esse capital, especialmente se for listada em mercados como a Nasdaq.
Visão de Longo Prazo e Abertura para Diversos Setores
Apesar de ser conhecida por abrigar grandes empresas de tecnologia, a Nasdaq busca parcerias com empresas brasileiras de diversos setores, incluindo biotecnologia, consumo, saúde e tecnologia tradicional. Jay Heller enfatiza que a bolsa está investindo tempo no país, com uma relação já estabelecida há 18 anos, e que não é necessário ser uma mega companhia para ser listada na Nasdaq.
A busca é por empresas visionárias, independentemente do setor.
Perspectivas para IPOs no Brasil
A seca de IPOs no Brasil se estende desde 2021, em um cenário de juros elevados. A expectativa de reabertura da janela de IPOs em 2025 se desfez com as taxas de juros em 15% ao ano, e a instabilidade política eleitoral projeta um cenário de incerteza.
Lucy Pamboukdjian, da Abrasca, acredita que a reabertura da janela só ocorrerá em 2027, caso haja uma queda contundente nos juros.