Natura (NATU3) registra queda superior a 6% na B3 após a publicação do balanço; analise os fatores que impactaram o mercado
O balanço do segundo semestre de 2025 demonstra melhorias nas operações, contudo, a dívida elevada, o desempenho insuficiente da Avon e a pressão sobre …

Em 2T25, a Natura (NATU3) enfrentou queda na bolsa. Por volta das 15h10, as ações da empresa desabavam 6,48% na B3, indicando um desempenho diverso, porém distante das previsões dos especialistas.
Para o BTG Pactual, a Natura e os lucros na margem bruta representaram os aspectos mais positivos, enquanto a Avon e o aumento do endividamento constituíram os principais desafios da empresa no período. No acumulado do ano, as ações NATU3 já apresentaram queda de 30%.
A Natura obteve lucro líquido consolidado de R$ 195 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 859 milhões do mesmo período de 2024.
O lucro líquido ajustado, sem considerar efeitos não operacionais, atingiu R$ 598 milhões.
O EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) recorrente atingiu R$ 796 milhões, apresentando uma margem de 14%, um aumento de 0,8 ponto percentual em relação ao ano anterior.
O crescimento foi impulsionado, sobretudo, pela Natura, que apresentou aumento de 10% nas vendas no Brasil e 18% nos mercados de língua espanhola, apesar da queda nas vendas e dos impactos da implementação do programa “Onda 2”, que visa à reestruturação e integração das operações, com o objetivo de reduzir custos e aumentar a eficiência, porém que, em curto prazo, diminuiu o número de revendedores e causou instabilidade nas vendas.
A conclusão das operações da Avon e a venda da Avon International são cruciais para a melhora da imagem da empresa, conforme se observa em instituições como BTG Pactual e Santander.
A Avon representa uma fragilidade para a Natura.
Apesar do lucro trimestral da Natura, uma parcela desse resultado decorreu de ganhos contábeis ligados a flutuações cambiais e derivativos, e não de um desempenho operacional sustentado.
O endividamento aumentou significativamente, a dívida líquida alcançou 4 bilhões e a relação dívida líquida/EBITDA subiu para 2,18 vezes.
A Avon permanece um ponto crucial, durante um processo de reestruturação que demanda grandes investimentos sem evidências evidentes de recuperação, sobretudo na América Latina. Sugere-se que a venda da Avon International poderia reduzir essa pressão, segundo os especialistas.
As vendas da marca apresentaram queda de 12,9% no trimestre no Brasil, devido a um cronograma de lançamentos mais restrito. Na América Latina, a retração foi de 20%.
A Avon International investiu aproximadamente R$ 1 bilhão em caixa durante o primeiro semestre, elevando a endividação. Apesar da geração de caixa positiva na Latam, esse impacto foi contrabalanceado pelo volume dessa unidade internacional.
A marca Avon está sendo reposicionada. Há um trabalho de reposicionamento associado à necessidade de repopular todo o funil de inovações dessa marca, cujos resultados são esperados somente em 2026. Então, nós ainda teremos dificuldades com a marca Avon ao longo deste ano e a marca Natura compensa essas dificuldades, afirmou o CEO da companhia, João Paulo Ferreira, em entrevista coletiva nesta terça (12).
A nível internacional, o CEO destaca que os esforços para a separação ou venda da Avon International e da Avon América Central e República Dominicana (CARD) progrediram consideravelmente nos últimos meses.
Ferreira afirmou que existe uma equipe focada em buscar soluções estratégicas, contando com o apoio de especialistas financeiros e jurídicos. A auditoria confirmou a reclassificação desses ativos como disponíveis para venda, o que implica uma grande chance de que sejam vendidos em até 12 meses.
A XP demonstra satisfação.
O BTG mantém recomendação neutra para os papéis, contudo a XP Investimentos interpreta os resultados de maneira mais positiva e recomenda compra.
A XP, mesmo que o desempenho da Natura apresente complexidades de interpretação, obteve resultados superiores ao esperado.
A corretora aponta quatro pontos:
Os custos de transformação na Natura LatAm também surpreenderam positivamente, apresentando uma redução de 30% em comparação com o trimestre anterior.
No entanto, a empresa apresentou uma perspectiva mais prudente para o futuro, em razão do notável enfraquecimento registrado no Brasil a partir de junho, um panorama mais complexo no México e uma possível desvalorização na Argentina. Em suma, os resultados estão coerentes com nossa análise positiva sobre a Fase 2, e a realocação da Avon International sustenta nosso cenário de saída desse ativo até o fim de 2025, avaliou a XP.
Ainda assim, a corretora aponta para uma possível volatilidade no futuro, devido aos ajustes da Onda 2 e pelo cenário macroeconômico, notando, contudo, sinais de recuperação em curso.
Com informações do Money Times
Fonte por: Seu Dinheiro