O Brasil alcançaria voo alto com juros nominais em torno de 7%, afirma Mansueto Almeida, mas o percurso para atingir esse patamar depende das ações do próximo governo

Queda na inflação, dólar mais fraco e reformas estruturais impulsionam o Brasil, contudo, juros altos dificultam o crescimento.

2 min de leitura

Um país como o Brasil, se tiver uma taxa de juros nominal na casa dos 7%, encontra-se em um cenário completamente distinto; esse país avança.

Mansueto e Esteves, em participação no evento AgroForum do BTG Pactual, realizados nesta quarta-feira (13), enfatizaram que os ventos positivos dos últimos meses não decorreram de fundamentos da economia brasileira, mas de impulsos externos.

A valorização do real ocorreu, por exemplo, devido à fragilidade da moeda americana globalmente, e o Brasil aproveitou essa situação. “Não aconteceu nada de muito relevante com o real, aconteceu com o dólar”, afirmou Esteves.

Essa desvalorização do dólar contribui para o controle da inflação e deve auxiliar na redução das taxas de juros, uma vez que diminui o custo de produtos importados e de insumos internos, incluindo energia e alimentos.

A taxa de 50% dos EUA contra o Brasil gerou repercussão, na visão de Esteves, porém deve ter pouco impacto macroeconômico. “Reduzirá 0,1 ponto do PIB e também 0,1 da inflação. Mas, no final, é deflacionário para nós”, avaliou Esteves.

Isso implica em acessar contas de gatilhos externos que estão auxiliando no fechamento das contas da economia — desde que não haja retaliação por parte do Brasil, pondera o sócio do BTG.

O elefante na sala: uma taxa real de 10%.

Para Mansueto, a Selic é uma barreira para o Brasil. “Com uma inflação real de 10% ao ano, qualquer país do mundo estaria em recessão”, declarou. E a pior notícia é que, no próximo ano, a taxa de juros real, mesmo com a queda, permanecerá muito elevada.

O economista-chefe não acredita que a taxa básica possa retornar para uma casa de um dígito sem solucionar o problema central que a elevou a esse patamar: as contas públicas.

Ele afirmou que a causa do problema é evidente. “Temos uma política fiscal expansionista no Brasil e um Banco Central que precisa frear a economia”, declarou. “É como dirigir com um pé no acelerador e outro no freio”, disse.

Não haverá uma correção efetiva da situação do governo central com o aumento das receitas provenientes de impostos. Mansueto acredita que o principal desafio reside em controlar o crescimento dos gastos obrigatórios.

O próximo governo, independentemente de sua orientação, necessita apresentar um plano fiscal de controle de gastos significativamente mais transparente. Um ano ou dois com juros reais em 10% ou 8% são suportáveis. Contudo, três anos já terá um impacto muito forte na economia, afirmou o economista.

De acordo com Mansueto, as reformas da última década – trabalhista, previdenciária, tributária, novos marcos regulatórios e a independência do BC – sustentaram o crescimento do Brasil e o mercado de trabalho. Contudo, esses avanços não conseguirão manter os indicadores por muito mais tempo.

Se o governo seguinte demonstrar que pretende estabilizar os gastos públicos por alguns anos, mesmo que não haja efeito imediato, as perspectivas se tornam mais favoráveis. A inflação diminui e a margem para diminuir as taxas de juros se amplia rapidamente, declarou Mansueto.

Fonte por: Seu Dinheiro

Sair da versão mobile