Apesar de diversas previsões, o real tem apresentado um expressivo desempenho em relação ao dólar desde o início do ano, com uma desvalorização superior a 12% em relação à moeda norte-americana. No entanto, segundo Felipe Guerra, sócio fundador e CIO da Legacy Capital, o país não está merecendo essa movimentação cambial e a responsabilidade não é apenas do governo Lula.
Na participação no Warren Day, nesta segunda-feira (18), o gestor atribui o desempenho quase que exclusivamente a fatores externos, levantando dúvidas sobre o futuro da economia norte-americana diante da guerra comercial de Donald Trump.
Não estamos obtendo essa melhora [no desempenho do câmbio]. Aliás, acreditamos que temos feito muita coisa errada na gestão pública. É possível listar: o endividamento público crescente, a questão do sucateamento das estatais… algo que se vê claramente no balanço do Banco do Brasil ou da Petrobras, que está cada vez mais “comendo” o dividend yield com gastos desnecessários”, afirmou Guerra.
A culpa não é só do governo Lula.
Para Guerra, no entanto, o problema não está apenas no governo atual. “O Congresso também está jogando. Alegam que a maioria é de direita ou centro, mas o que se vê é uma falta de recursos para emendas”, declarou o gestor no painel que também contou com a participação de Rogério Xavier, da SPX, e Bruno Cordeiro, da Kapitalo.
Xavier mantém a mesma opinião ao ressaltar: “Eu, em particular, ainda acredito em Haddad, ele tem se dedicado bastante a tentar equilibrar o Orçamento”.
De acordo com o CIO da SPX, o Ministro tenta levar as medidas ao Congresso, porém enfrenta oposição por questões ideológicas em Brasília. “Não se trata do presidente Lula ou do ministro Haddad em si, mas do governo como um todo, não há alinhamento na direção da contenção de gastos. E isso tem se mostrado”, destacou durante a participação no painel.
A alternância de poder em 2026 representa a saída.
Apesar de os gestores não acreditarem que toda a responsabilidade pelo declínio do Brasil recaia sobre eles, o termo que prevaleceu nas falas dos três durante o evento foi: alternância de poder. Para todos, essa é a solução para o Brasil contemporâneo.
A razão é que, embora o governo vigente não seja totalmente responsável pelo desastre das contas públicas, ele não possui capacidade (nem vontade) de alterar a situação, sendo necessário que alguém com iniciativa ocupe o Palácio do Planalto para solucionar esse problema.
A percepção no mercado sugere que uma mudança no poder político traria benefícios para a situação fiscal. Essa queda na popularidade do presidente gerou a expectativa de uma possível alternância de poder, afirmou Xavier.
Cordeiro afirma que, caso ocorra o cenário positivo [de mudança no poder a partir de 2026], não haverá grande preocupação em relação ao endividamento.
Contudo, conforme Guerra, as circunstâncias podem ser distintas se persistir um cenário favorável ao Brasil, exemplificado pela valorização do real. O gestor também antecipa uma virada positiva em 2026.
Com um cenário externo favorável, torna-se mais fácil para o investidor estrangeiro manter posição em países emergentes. Caso contrário, a situação pode se complicar, e a volatilidade da eleição tende a ser ainda maior.
Fonte por: Seu Dinheiro