A busca pelo “algo a mais” parece ser o novo lema do Banco ABC Brasil (ABCB4). Após entregar uma rentabilidade meramente em linha com a taxa Selic, o banco está determinado a alcançar patamares mais elevados de ROE (retorno sobre o patrimônio líquido), afirmou o diretor de relações com investidores, Ricardo Moura.
O diretor afirmou, em entrevista exclusiva ao Seu Dinheiro, que o ABC Brasil não está satisfeito com o desempenho recente e almeja resultados superiores.
Não estamos satisfeitos com 15% de ROE. Acreditamos que dá para alcançar um resultado superior. Mas esse é um patamares que permite ao banco crescer e gerar um bom retorno aos acionistas.
O ROE ideal para o Banco ABC Brasil (ABCB4)
Moura respondeu a uma pergunta sobre qual seria um nível adequado de rentabilidade para o ABC Brasil, afirmando que, embora o banco não tenha uma meta predefinida, o objetivo é alcançar resultados superiores aos que estão sendo obtidos.
Recentemente, obtivemos rentabilidades que ultrapassaram o patamar de 15%, inclusive atingindo os 17%. São níveis que buscamos. Não sei se serão 16%, 17% ou até 20% – avançaremos passo a passo. Contudo, nossa ambição é alcançar patamares de rentabilidade maiores em relação ao que temos atualmente.
Para ele, a utilização da capacidade de crédito do banco e a melhoria da eficiência operacional podem superar o nível atual, porém a caminhada será feita “passo a passo”, sem metas predefinidas, mas com uma ambição evidente de obter maiores lucratividades.
A gestão aponta que a rentabilidade corrente do banco, mantendo-se próxima da taxa de juros, possibilita ganhos adicionais.
Ademais, com uma expectativa de flexibilização monetária para 2026, Moura acredita que a redução da taxa Selic possibilitará que o banco se aproveite de um cenário mais propício e, por conseguinte, alcance um aumento de sua rentabilidade.
Qual será a fonte de maior rentabilidade do Banco ABC Brasil (ABCB4)?
O executivo afirmou que a estratégia do banco para atingir um ROE mais sólido compreende diversas áreas.
A principal é a continuidade da recaptação da carteira, especialmente no que se refere aos spreads de crédito.
Em 2025, no segundo trimestre, a diferença entre as taxas de juros com clientes aumentou 0,30 ponto percentual em comparação com o trimestre anterior, devido a um perfil de produtos mais favorável e maiores margens de crédito.
Moura também ressaltou a relevância da disciplina no desenvolvimento das despesas. “À medida que você cresce, a receita aumenta mais rapidamente do que as despesas, essa diferença deve ser investida para aumentar a rentabilidade”, afirmou.
Adicionalmente, destacou-se a otimização na gestão do ativo regulatório. Recentemente, a ABC Brasil realizou uma recomposição de dívida híbrida no valor de R$ 300 milhões, o que contribuiu para diminuir os encargos financeiros, segundo o diretor.
Moura afirmou: “Aproveitamos uma oportunidade no ano passado e emitimos novos papéis com custos mais vantajosos”.
Perspectivas macroeconômicas exigem cautela
Apesar das estratégias bem definidas para elevar a rentabilidade, Moura argumenta que o cenário macroeconômico ainda demanda cautela.
As altas taxas de juros colocam em evidência dificuldades, e a ABC Brasil decidiu seguir uma abordagem cautelosa na administração da carteira.
Busca-se continuar a expansão da carteira conforme o previsto na projeção para 2025, com um crescimento anual na base de 7% a 12%. Contudo, em um ritmo de crescimento mais lento.
Essa estratégia tem surtido os efeitos de proteger a carteira. Manteremos uma visão ainda de certa cautela para o segundo semestre até vermos uma janela onde a situação macroeconômica nos dê uma sinalização que podemos tomar um pouco mais de risco.
Moura indicou que continuará acompanhando de perto o cenário macroeconômico, esperando por um momento mais oportuno para um crescimento mais intenso.
Já temos acesso à captação de qualidade e à capital. Assim que confirmadas condições macroeconômicas mais favoráveis, estaremos prontos para crescer. Por enquanto, é mais uma questão de risco e retorno. A decisão de acelerar o crescimento depende de uma sinalização mais clara da economia, afirmou.
Para este ano, contudo, o diretor do ABC Brasil antecipa um crescimento mais modesto da carteira, margens de lucro um pouco ampliadas e uma possível elevação das provisões contra inadimplentes em determinado momento do segundo semestre.
Fonte por: Seu Dinheiro