O relato do edifício mais notório e detestado de Paris teve seu capítulo mais recente revelado

A prefeitura de Paris aprovou o projeto para a reforma da Torre Montparnasse, edifício controverso apelidado de “cicatriz” na cidade.

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(Imagem de reprodução da internet).

Os quarenta e cinco milhões de turistas que Paris recebe anualmente demonstram que a cidade mais visitada do mundo também possui uma das arquiteturas mais belas entre as grandes metrópoles globais.

A aparência da capital francesa continua quase inalterada desde a grande reforma urbana do século 19, período em que Paris incorporou o estilo haussmanniano, caracterizado por amplas avenidas com árvores e edifícios de construção em pedra clara, apresentando fachadas padronizadas e ornamentadas.

O resultado é uma aparência homogênea que ainda define Paris e a torna facilmente identificável. Contudo, existe um “estranho no ninho”. O Edifício Montparnasse, prédio mais emblemático da cidade, é um espigão de aço de 210 metros de altura que desagrada por sua aparência “agressiva” e destoante quando comparado às outras construções.

Há décadas que os parisienses reclamam do edifício, que se destaca por suas janelas pretas fosca, um paradigma da arquitetura moderna e brutalista. Em 2017, um consórcio de escritórios de arquitetura venceu um concurso para reformá-lo, mas o projeto não foi implementado.

Em novembro, a controvérsia recebeu um novo capítulo. A câmara municipal de Paris aprovou um acordo para retomar, enfim, a reforma do Montparnasse. A estimativa é que os trabalhos comecem até o final do ano seguinte.

Qual é a razão pela qual este é considerado o edifício mais feio de Paris?

Novos edifícios resistem à Torre Montparnasse devido ao prédio não se harmonizar com o horizonte que inclui a Torre Eiffel, o Panteão, a Catedral de Notre-Dame e diversos outros marcos arquitetônicos.

A principal razão dessa inadequação é a altura. Na área central de Paris, apenas a Torre Eiffel, com 330 metros da base ao topo, excede a altura do edifício Montparnasse.

Após a construção do arranha-céu, em 1973, ele recebeu o apelido de “cicatriz” de Paris. Quatro anos depois, a cidade proibiu novos edifícios com mais de seis andares e 37 metros de altura, buscando preservar a harmonia visual tão valorizada pelos parisienses.

Qual será a reforma do único arranha-céu de Paris?

Com 59 andares de escritórios que já acolheram executivos e gabinetes políticos, incluindo o do presidente Emmanuel Macron, a reforma do Montparnasse ocorrerá em todas as plantas – especialmente na parte externa do edifício, uma “maquiagem” esperada há décadas.

O escritório de arquitetura responsável é o Nouvelle AOM, que visa transformar a torre em um “ícone da revolução energética”. Para isso, as 7.200 janelas escuras serão substituídas por vidraças claras e transparentes, otimizando o visual da torre e reduzindo o consumo de energia devido à diminuição do uso de ar condicionado.

Adicionalmente, o edifício obterá novos espaços de utilização, incluindo hotéis, restaurantes e lojas. O novo centro comercial visa atrair os parisienses que deixaram de frequentar a torre há pelo menos 50 anos.

A reforma substituirá o renomado observatório no topo do edifício, que oferecia uma das vistas mais belas de Paris por 24 euros (cerca de R$ 150 na cotação atual), por uma vasta estufa verde, com variedade de plantas e árvores – espaço também aberto à visitação.

Edifícios altos estão deixando de ser populares na Europa?

Para muitos países, os arranha-céus são sinônimo de modernidade e ao progresso, na Europa, eles não têm tanto sucesso.

Segundo o Tall Buildings and Urban Habitat, uma associação independente dos Estados Unidos, a incidência de arranha-céus quilométricos globalmente se concentra nos Estados Unidos, em alguns reinos do Oriente Médio e em países asiáticos como China e Japão.

Contudo, a Europa exibe uma certa resistência à verticalização excessiva. Apenas sete dos mil edifícios mais altos do mundo estão localizados no seu território. Já na lista dos cem mais altos, os exemplos europeus são provenientes da Rússia e da Turquia.

A grande quantidade de monumentos históricos contribuiu para que a Europa não tenha adotado uma arquitetura tão verticalizada. O continente é reconhecido por preservar sua arquitetura secular, e não faria sentido “esconder” o Panteão de Roma ou a Acrópole de Atenas por trás de edifícios refletivos.

A legislação europeia também é bastante restritiva em relação à verticalização. Mesmo em Londres, uma das metrópoles mais modernas do mundo, com muitos prédios altos, existem leis que impedem a construção de edifícios que comprometam a visibilidade de seus monumentos mais emblemáticos.

Fonte por: Seu Dinheiro

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