Ouro Impulsiona Economia China em Meio à Crise Imobiliária

Ouro Resurge na China em Meio à Turbulência do Mercado Imobiliário

Em um cenário de desafios para o mercado imobiliário chinês, o ouro emergiu como um porto seguro, impulsionando a demanda e redefinindo o cenário financeiro do país. O metal precioso, que deixou de ser apenas uma reserva estratégica do Banco do Povo da China, ganhou espaço nos cofres de instituições financeiras, fundos e até mesmo nas famílias chinesas.

Apesar da crise imobiliária, os chineses continuam a construir sua poupança com o objetivo de adquirir moradias como forma de investimento de longo prazo, visando uma retomada gradual do mercado imobiliário no médio prazo.

Análise do Cenário Econômico Chinês

Economistas avaliam que o comportamento dos poupadores chineses vai além da crise imobiliária. Kelvin Lam, economista sênior da Pantheon Macroeconomics, destaca que, apesar do período de queda iniciado em 2021, o setor ainda se encontra em uma situação melhor do que na década passada.

A população mais jovem continua a economizar, focando na compra de imóveis como forma de construção de patrimônio. A expectativa é de uma recuperação gradual no horizonte de 18 a 24 meses, impulsionada pela busca por ativos seguros em um ambiente global incerto.

O Papel do Banco Central e do Mercado de ETFs

O Banco do Povo da China ampliou suas reservas de ouro pelo 13º mês consecutivo em novembro, alcançando 2,3 toneladas, equivalente a 8,3% das reservas internacionais do país. No mesmo período, ETFs de ouro listados na Bolsa de Xangai receberam entradas de 16 trilhões de yuans (cerca de US$ 2,2 bilhões).

Essa dinâmica, combinada com operações de arbitragem e o aumento da demanda das famílias chinesas, impulsionou o preço do ouro, tornando-o um fator crucial para a economia do país.

Projeções e Desafios para o Futuro

O mercado financeiro apresenta visões divergentes sobre o futuro do ouro. O JP Morgan prevê que a demanda chinesa continuará sendo um pilar de sustentação dos preços, projetando o metal a US$ 5 mil por onça-troy até 2026. A Capital Economics, por outro lado, adota um tom mais cauteloso, prevendo uma correção dos preços para US$ 3,5 mil por onça-troy quando o mercado se ajustar.

Enquanto isso, as autoridades chinesas buscam redefinir os motores da economia local, intensificando esforços para estimular a demanda doméstica e restaurar a confiança dos consumidores, ao mesmo tempo em que aceleram a transição para setores ligados à tecnologia e à inteligência artificial.