Peru: 11 presidentes em 25 anos e instabilidade política aparente
Instabilidade política marca a trajetória do país, com apenas 3 presidentes concluindo seus mandatos de 5 anos desde 2000. Saiba mais no Poder360.
Instabilidade Política no Peru Após a Queda de Fujimori
Desde a queda do ex-presidente do Peru, Alberto Fujimori (1990–2000), o país tem enfrentado uma significativa instabilidade política, caracterizada por sucessivas crises e mudanças no comando do Executivo. Nos últimos 25 anos, o Peru teve 11 presidentes, dos quais apenas 3 conseguiram completar seus mandatos de 5 anos.
O último a concluir integralmente o mandato foi Ollanta Humala (2011–2016). Durante seu governo, o caso da Odebrecht, construtora brasileira acusada de financiar campanhas eleitorais de candidatos latino-americanos em troca de contratos de obras públicas, veio à tona. Em abril de 2025, o Tribunal do Peru condenou Humala a 15 anos de prisão por corrupção, lavagem de dinheiro e recebimento de fundos ilícitos de campanha.
A mulher do ex-presidente, Nadine Heredia, também foi condenada a cumprir a mesma pena de Humala. Segundo a decisão, Heredia também se envolveu no esquema de propina. Ambos receberam o dinheiro durante a campanha eleitoral bem-sucedida de 2011.
Os outros 2 presidentes que também completaram seus mandatos foram:
- Alan García (2006–2011) – enfrentou acusações de corrupção na operação Lava Jato e, em 2019, cometeu suicídio para evitar a prisão;
- Alejandro Toledo (2001–2006) – condenado em setembro de 2025 a 13 anos e 4 meses de prisão por lavagem de dinheiro também no caso da Odebrecht. Esta foi a 2ª condenação do político por corrupção generalizada. Atualmente, Toledo cumpre pena em uma penitenciária em Lima, capital peruana.
Dentre os presidentes mais recentes que não conseguiram concluir o mandato, está Pedro Castillo Terrones (2021–2022), o último eleito nas urnas. Com baixa popularidade e denúncias de corrupção, foi destituído em 7 de dezembro de 2022, depois de tentar dissolver o Congresso e instaurar um golpe de Estado. Atualmente cumpre 18 meses de prisão preventiva, acusado de rebelião e conspiração, além de ser investigado por liderar uma organização criminosa.
No mesmo dia, Dina Boluarte (sem partido) assumiu a Presidência, tornando-se a 1ª mulher a ocupar o cargo na história do Peru. Assim como seus antecessores, também não concluiu o mandato: o Congresso peruano aprovou seu afastamento nesta 6ª feira (10.out).
Aos 63 anos, Boluarte enfrenta acusações de enriquecimento ilícito e responsabilidade por repressões violentas durante protestos, e foi declarada pelo Parlamento como tendo “incapacidade moral” para governar o país.
Com sua saída, o chefe do Congresso, José Jerí Oré (Somos Perú, centro), assumiu a Presidência. Ele afirmou que permanecerá no cargo até julho de 2026, 3 meses depois das eleições presidenciais previstas para abril.
Em seu discurso de posse, Oré reconheceu que o Peru vive uma crise política crônica, com governos incapazes de concluir seus mandatos, instituições fragilizadas e cidadãos exaustos. Prometeu “reconstruir a confiança nacional e lançar as bases de uma reconciliação entre todos os peruanos”.