Novo Plano de Investimentos da Petrobras e o Debate sobre o Futuro da Empresa
O podcast “Touros e Ursos” trouxe uma análise crucial sobre o futuro da Petrobras (PETR4) com Adriano Pires, sócio fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). A empresa estatal está prestes a anunciar um novo plano de investimentos, gerando expectativas entre os investidores.
A principal questão em discussão é se a petroleira deve focar em novos negócios ou priorizar o pagamento de dividendos aos acionistas.
Investimentos em Gás Natural e Fertilizantes
Adriano Pires argumenta que, se a Petrobras investir em gás natural e fertilizantes, os dividendos no curto prazo devem diminuir. Ele acredita que essas áreas não são prioritárias para a companhia. O especialista destaca que a liberação da Margem Equatorial é uma notícia positiva.
Margem Equatorial: Uma Oportunidade Chave
A autorização do Ibama para a perfuração do primeiro poço da Margem Equatorial foi considerada uma “boa notícia” por Pires. Ele destaca que a licença levou 12 anos para ser aprovada, tempo suficiente para que concorrentes internacionais, como BP e TotalEnergies, abandonassem o projeto.
O especialista ressalta que todo o dinheiro ficou na mesa e a responsabilidade agora é da Petrobras.
O potencial da exploração da Margem Equatorial é gigantesco, podendo gerar entre 10 e 12 bilhões de barris de petróleo, um volume comparável ao do pré-sal, cuja produção deve começar a declinar por volta de 2030. Pires afirma que a Petrobras tem capacidade técnica para realizar esse projeto, dada sua experiência em exploração em águas profundas, um sucesso comprovado no pré-sal.
Prioridades de Investimento
O especialista defende que esse seja o foco dos investimentos da companhia nos próximos anos, com ênfase em gás natural, fertilizantes e energia sustentável. Ele critica investimentos em áreas secundárias, que prejudicam os negócios da petroleira. “Não faz sentido nenhum para a empresa investir nesses negócios. É andar para trás outra vez.
Fazer um plano de investimento olhando para o retrovisor, não para o para-brisa”, afirma Pires.
Dividendos e Privatização
Para Pires, o debate sobre dividendos e privatização é, na prática, o mesmo tema: influência política sobre a Petrobras. Ele acredita que os pagamentos aos acionistas tendem a diminuir no próximo ano, não só pela expectativa de um barril de petróleo mais barato em 2026 (na faixa de US$ 50 a US$ 60), mas principalmente por decisões guiadas por interesses eleitorais.
O problema, segundo ele, é estrutural, devido ao modelo de capital misto, que permite intervenções recorrentes do governo federal, afetando o valor de mercado.
“Se a Petrobras fosse privada, a ação valeria o dobro”, declara Pires.
Touros e Ursos da Semana
No quadro “Touros e Ursos”, o maior destaque de urso foi para o Banco Master, após a liquidação extrajudicial decretada pelo Banco Central, que obriga os investidores a recorrer ao Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Outro urso da semana foi a COP30, criticada por Pires como “mais uma festa do que uma verdadeira conferência do clima”, devido à defesa de um fim rígido dos combustíveis fósseis, que prejudica populações de baixa renda e países pobres.
Entre os touros, a Alphabet ganhou destaque após o investimento de US$ 4,3 bilhões da Berkshire Hathaway, e o Banco Central também foi reconhecido pela sua postura no caso Master.
Conclusão: A Necessidade de uma Mudança Estrutural na Petrobras
A análise de Adriano Pires ressalta a importância de uma mudança estrutural na Petrobras, com foco em investimentos estratégicos e com o objetivo de garantir a sustentabilidade da empresa a longo prazo. A privatização, segundo ele, é uma prioridade para o próximo governo, visando eliminar a influência política e garantir o valor da ação.
