PF desarticula quadrilha que fraudava concursos públicos, com pagamentos de R$ 500 mil
Quadrilha familiar desmente autoridades com fraudes em concursos públicos, incluindo o CNU, usando gabaritos e dublês; pagamentos de R$ 500 mil apurados.
Desmantelado Esquema de Fraude em Concursos Públicos
A Polícia Federal (PF) concluiu a desarticulação de uma organização criminosa especializada em fraudes em concursos públicos, incluindo o Concurso Nacional Unificado (CNU), cobrando valores que chegavam a R$ 500 mil para garantir a aprovação de seus participantes.
O grupo, composto por membros de uma mesma família, empregava diversas técnicas ilícitas para assegurar o sucesso dos candidatos nas provas. Dentre elas, o uso de pontos eletrônicos, dublês e o acesso antecipado aos gabaritos.
Como Operava a Quadrilha
As investigações revelaram que a organização obtinha o gabarito de provas, como o do CNU 2024, com uma hora de antecedência em relação à realização do exame. Em interceptações de comunicações, um dos líderes da quadrilha instruía sua filha a “levar o rascunho das respostas” e “ler e apagar tudo” durante a prova. Após o término do exame, recebia instruções para desligar o celular e aguardar a divulgação das respostas da parte da tarde, que seriam transmitidas posteriormente.
Adicionalmente, o grupo utilizava “dublês” para substituir os candidatos durante a realização das provas. Os participantes pagavam quantias elevadas pela fraude. O valor cobrado variava conforme a dificuldade do concurso e a necessidade de subornar agentes de segurança e fiscais.
Ligação Familiar no Esquema
O líder da quadrilha é um ex-policial militar da Paraíba, expulso da corporação em 2021, com histórico criminal de roubo e uso de documentos falsos. Ele coordenava as atividades criminosas, com o apoio de seus familiares: dois irmãos e uma sobrinha.
O grupo operava em Patos, interior da Paraíba, e já havia atuado em outros concursos direcionados para bancos públicos e polícias militares. A PF identificou uma estrutura hierarquizada e vínculos de confiança entre os membros para garantir o sucesso do esquema.
Tentativa de Obstrução e Métodos Utilizados
Durante a operação, o ex-policial foi preso após tentar obstruir as investigações, recusando-se a fornecer a senha de seu celular e apagando os aplicativos de mensagens. No entanto, peritos conseguiram extrair áudios em que ele discutia a “comissão” recebida pela aprovação em concursos, além de conversas sobre o custo das respostas.
A quadrilha utilizava “dublês” para substituir os candidatos, utilizando documentos falsos para garantir a aprovação. Para facilitar as transações financeiras, o grupo aceitava pagamentos em dinheiro, ouro, motocicletas e até tratamentos odontológicos de alto valor.
Além do núcleo familiar de Patos, a quadrilha contava com a colaboração de um policial militar ativo no Rio Grande do Norte, proprietário de uma clínica odontológica que auxiliava na movimentação dos recursos do grupo, e de um indivíduo com histórico de fraudes em concursos públicos desde 2017, responsável por obter as respostas das provas.