Universidade de São Paulo Perde Liderança no Ranking Quacquarelli Symonds da América Latina
A Universidade de São Paulo (USP) perdeu sua hegemonia no topo do ranking Quacquarelli Symonds (QS) da América Latina. Após dois anos consecutivos de domínio, a liderança foi conquistada pela Pontifícia Universidade Católica do Chile (UC).
Este resultado não é inédito, pois a UC já havia ocupado a primeira posição em edições anteriores do ranking. No entanto, desta vez, a instituição chilena conseguiu consolidar sua vantagem, impulsionada por critérios de avaliação considerados cada vez mais relevantes na disputa global.
Uma das principais diferenças entre as duas instituições é o modelo de ensino. Enquanto a USP é uma universidade pública e gratuita, a PUC chilena é privada, com mensalidades que ultrapassam os R$ 50 mil por ano. Os valores de cursos como Direito (R$ 43 mil), Arquitetura (R$ 47 mil) e Engenharia (R$ 56 mil) refletem essa distinção. O curso de Medicina, com R$ 56 mil por ano, representa o investimento mais elevado.
Outro fator relevante é o número de estudantes. A UC conta com aproximadamente 30 mil alunos, enquanto a USP possui 88 mil. A USP completará 91 anos em 2025, enquanto a UC soma 137 anos de história.
O ranking QS avalia diversos aspectos, incluindo reputação acadêmica, produção científica, empregabilidade dos alunos, impacto das pesquisas e internacionalização. A UC se destacou especialmente neste último quesito, impulsionada por sua forte presença internacional, programas de intercâmbio e uma política agressiva de parcerias acadêmicas.
A USP, por sua vez, caiu para a segunda posição. A universidade brasileira continua sendo a principal instituição do país, mas reconhece que alguns dados utilizados no ranking se referem a 2023 e não refletem os avanços mais recentes em contratação de docentes e internacionalização.
Além da USP, outras universidades brasileiras se destacam no ranking. A Unicamp (3º), a UFRJ (5º) e a Unesp (6º) também aparecem no top 10 da América Latina. A Unicamp e a UFRJ mantiveram a mesma posição do ano anterior, enquanto a Unesp avançou duas posições.
Em uma análise mais ampla, o Brasil também domina o ranking. Das 100 melhores universidades da América Latina, 26 estão localizadas no Brasil, seguidas por 16 do Chile e 14 do México. No entanto, o número de instituições que caíram de posição é maior do que o de aquelas que subiram.
Segundo Ben Sowter, vice-presidente sênior da QS, o desempenho excepcional do Brasil está relacionado à produtividade e ao impacto das pesquisas acadêmicas, além dos avanços em políticas de inclusão e acesso, que contribuíram para reduzir desigualdades no ensino superior. Sowter ressalta que o sistema de ensino superior brasileiro enfrentou desafios persistentes em taxas de conclusão e qualidade.