Ibovespa Atinge Novos Recordes, Mas Há Incertezas no Horizonte
O mercado acionário brasileiro apresentou um desempenho notável nas últimas semanas, impulsionado pela queda das taxas de juros em nível global e pela retomada do interesse de investidores estrangeiros em mercados emergentes. O Ibovespa ultrapassou os 147 mil pontos pela primeira vez em sua história, um marco significativo. No entanto, a sustentabilidade desse crescimento e a dependência do cenário externo são pontos de atenção.
Apesar das taxas de juros ainda em território positivo, o mercado refletiu expectativas otimistas para o futuro. Contudo, a volatilidade e as incertezas eleitorais, especialmente em relação à disputa de 2026, representam um fator de risco. A recente correção do Ibovespa, que devolveu seus ganhos para 141 mil pontos, demonstra a fragilidade do movimento.
Ricardo Campos, gestor e fundador da Reach Capital, acredita que o desempenho recente é resultado de uma combinação rara de fatores, mas com um limite. Em participação no Touros e Ursos desta semana, ele alertou que, nos próximos meses, a tendência é de baixa devido à precificação dos riscos políticos. A incerteza em torno das eleições e a fragmentação da oposição são elementos que podem impactar negativamente o mercado.
Campos enfatiza a importância de observar o cenário internacional, onde a economia americana continua sólida, mas com sinais de desaceleração, enquanto a Europa enfrenta dificuldades, com gastos em armas e crises que afetam as taxas de juros. A China também apresenta desafios, com o decréscimo populacional, o que agrava a situação econômica local.
Um ponto positivo é a ação de bancos centrais ao redor do mundo, que estão reduzindo as taxas de juros. Essa medida tem atraído investimentos e pode impulsionar o mercado brasileiro. A expectativa é que o Brasil receba um pedaço desse fluxo de capital.
Apesar do potencial de entrada de capital estrangeiro, Campos identifica dificuldades na sustentação da alta do Ibovespa, devido à volatilidade das eleições de 2026. O mercado ainda não precificou as incertezas eleitorais e a fragmentação da oposição.
Além disso, o gestor destaca o custo de oportunidade de investir em ações em vez de renda fixa, com juros de 15% ao ano. “Todo mês que você está na Bolsa e não está no CDI você está deixando de ganhar 1% certo. Tem um custo isso aí”.
Touros e Ursos da Semana: A Oi (OIBR3) foi destaque entre os “ursos” após a Justiça do Rio de Janeiro afastar a diretoria e o conselho de administração, com o risco de liquidação após duas tentativas de recuperação judicial. Sébastien Lecornu também entrou como “urso” após renunciar ao cargo de primeiro-ministro da França, aumentando a crise política e a pressão sobre o presidente Emmanuel Macron.
Touros: O avanço da regulamentação das stablecoins nos EUA é visto como um passo importante para a consolidação dos ativos e o aumento de posições como diversificação. A Taylor Swift também foi destaque com o lançamento de seu novo álbum, batendo recordes de streaming e vendas.