Rodolfo Amstalden analisa lições do Nobel sobre investimentos em longo prazo
Aghion e Howitt exploraram o impacto crucial das inovações tecnológicas nas economias contemporâneas, baseando-se na teoria de Mokyr.

Nobel de Economia Reconhece Teoria sobre Inovação e Produtividade
Em um momento de debates sobre a influência de “bolhas de IA”, o prêmio Nobel de Economia, concedido a Philippe Aghion, Peter Howitt e Wesley Mokyr, oferece uma perspectiva valiosa sobre o papel da inovação e o crescimento econômico.
Baseando-se na teoria de Mokyr, especialmente no conceito de “saltos estruturais” de produtividade que ocorreram após a Revolução Industrial, Aghion e Howitt se concentraram em como as inovações tecnológicas moldam as economias modernas. A pesquisa da trinca explora o cálculo ideal de investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), considerando tanto a perspectiva macro/social quanto as necessidades de investimento de cada empresa.
O desafio reside em equilibrar duas forças opostas. Uma delas surge da consciência corporativa de que os lucros gerados por inovações recentes são efêmeros. Se uma empresa negligenciar o investimento em P&D, seus concorrentes podem lançar produtos ou serviços superiores, conquistando o mercado.
No entanto, do ponto de vista social, a destruição criadora – o processo de substituição de tecnologias antigas por novas – é amplamente vista como benéfica, pois o novo conhecimento se acumula sobre o conhecimento existente, impulsionando o crescimento econômico, independentemente de quem possa ter ficado para trás.
Existe, portanto, um incentivo individual (FOMO – Fear Of Missing Out) para investir em capex inovador, mas esse incentivo é assimétrico. Para a empresa individual, o objetivo é preservar sua posição ou roubar mercado, enquanto o incentivo social é mais amplo e disseminado.
A segunda força em jogo investiga os cenários em que um concorrente – que pode ser a própria empresa – rouba mercado. Mesmo que a inovação marginal seja pequena em relação ao status quo, o potencial de lucros a serem obtidos pode ser significativo, sem que haja um benefício macro proporcionalmente equivalente.
Nesse caso, a propensão individual a investir em capex excede a propensão social. A análise de qual força predominar é, em última análise, caso a caso, mas essa dinâmica contínua impulsiona o progresso desde a Revolução Industrial.