Rodolfo Amstalden: Finanças globais reclamam da falta de notícias em outubro

O Início Turbulento de Outubro

Com oito dias já contabilizados, emerge uma amostra mínima que sugere um outubro com um começo desfavorável. O mês apresenta um cenário marcado por incertezas e desafios.

Após um setembro que inspirava cautela e desconfiança, o mês de outubro reúne diversas razões para gerar reclamações. O shutdown americano, a possível bolha de inteligência artificial, o “pivot” do Federal Reserve, o aumento das alíquotas fiscais no Brasil, a situação da Argentina sob o governo de Milei e o ciclo eleitoral, contribuem para um ambiente de instabilidade.

Em meio a essa complexa situação, a apuração da Bloomberg destaca uma preocupação: os financistas globais reclamam da falta de notícias relevantes no mercado.

“Esta semana provavelmente será uma das mais silenciosas em termos de dados econômicos em algum tempo. Uma coisa é que o calendário sempre é um pouco leve na semana após um relatório de emprego não agrícola agendado. Mas também, nenhum dos dados do governo está saindo, então não temos muito com o que trabalhar”.

O principal problema, portanto, não reside no shutdown em si, mas no efeito que ele causa ao secar a fonte de estímulos macroeconômicos.

Com base na definição de Mandelbrot, o mercado financeiro raramente encontra equilíbrio. Mesmo quando parece estável, esse equilíbrio é instável e suscetível a mudanças devido à alta entropia do sistema.

A dependência do fluxo de notícias é um fator preocupante. Se não controlada, a propensão do mercado a sangrar é alta.

Em breve, teremos o início da temporada de resultados corporativos do 3T25, e sabemos que o governo americano eventualmente chegará a um acordo para retomar suas operações. Isso provavelmente reacenderá o apetite por risco e alimentará o tradicional “rally” de fim de ano.

Apesar disso, devemos lembrar que, estruturalmente, estamos todos dependentes do noticiário. A notícia ruim, em geral, é um fator negativo.