Roubo Cultural: Matisse e Portinari Desaparecem do MAM em SP

Roubo Cultural no MAM: Obras de Matisse e Portinari Desaparecem

No último domingo (7), a Biblioteca Municipal Mário de Andrade sofreu uma perda cultural significativa, com a subtração de obras de arte de alto valor. Oito gravuras de Henri Matisse e cinco de Candido Portinari foram levadas por criminosos armados, gerando grande preocupação entre autoridades e especialistas.

Detalhes do Crime e Avaliações Iniciais

O incidente ocorreu no centro de São Paulo, conforme relatado por Cauê Alves, curador-chefe do MAM. As autoridades informaram que os valores do seguro das obras são confidenciais, devido a contratos específicos. A Secretaria de Cultura destacou o valor cultural, histórico e artístico das peças, ressaltando que não podem ser mensurados apenas economicamente.

Apesar da incerteza sobre o valor total do seguro, especialistas já apresentaram estimativas. Suzana Meyer Garcia, perita em obras de arte da Associação dos Peritos Judiciais do Estado de São Paulo, estima que cada gravura individualmente possa valer entre US$ 20 mil e US$ 40 mil, dependendo do estado de conservação e da completude da obra.

O conjunto completo, organizado como livro original, teria um valor estimado em pelo menos US$ 200 mil.

Técnicas de Produção das Obras de Arte

As gravuras foram produzidas utilizando a técnica do pochoir, uma impressão artesanal que emprega estênceis para aplicar tinta ou cor em áreas específicas da superfície. Essa técnica resulta em imagens com textura e aspecto pictórico, tornando cada exemplar único.

O processo envolveu o trabalho de Henri Matisse, que iniciou a produção do livro “Jazz” em 1943, durante a Segunda Guerra Mundial, devido a problemas de mobilidade após um diagnóstico de câncer.

A produção das obras de Portinari também se baseou na técnica de gravura em metal, utilizando processos de água-forte e água-tinta, que permitem criar linhas precisas e áreas de sombra e tonalidade. Essa técnica foi utilizada para ilustrar o romance “Menino do Engenho”, de José Lins do Rego, em uma edição especial de bibliófilo.

Estimativas de Preços e Avaliações Individuais

Diversos especialistas apresentaram estimativas de preços para as obras. Além da avaliação geral de Suzana Meyer Garcia, Acacio Lisboa, diretor da Galeria Frente e da casa de leilões de arte James Lisboa, estima que cada gravura de Matisse valeria entre R$ 8 mil e R$ 10 mil, devido à alta tiragem.

Já para as obras de Portinari, ele estima um valor entre R$ 40 mil e R$ 50 mil por gravura.

A Exame destaca que o mercado avalia cada gravura de Portinari individualmente, mesmo quando elas vêm de uma mesma edição ou livro. A gravura “Casal” (1950) da obra “Menino do Engenho” teve compra por R$ 1.400 em um leilão de junho deste ano pela Fibra Galeria.

Ações da Prefeitura e Busca Internacional

Diante do roubo, a Prefeitura de São Paulo acionou a Interpol, por meio da Polícia Federal, para evitar que as obras de arte deixem o Brasil. A Interpol possui um aplicativo e um banco de dados global que auxiliam na busca e recuperação de bens roubados.

Além disso, a prefeitura notificou o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo identificou os suspeitos por meio do sistema SmartSampa, da Prefeitura, e os dois homens foram entregues aos seguranças do museu antes de fugir, sendo posteriormente detidos na estação Anhangabaú do Metrô.

Conclusão: Recuperação das Obras

O roubo das obras de Matisse e Portinari representa uma perda significativa para o patrimônio cultural brasileiro. As autoridades estão mobilizadas para recuperar as obras e garantir que os responsáveis sejam punidos. A ação da Interpol e o monitoramento do SmartSampa são ferramentas importantes na busca e recuperação das obras.